domingo, 15 de dezembro de 2013

domingo, 10 de novembro de 2013

Qualquer dia desses nos reencontramos...


Geralmente aos domingos sempre aparecem algumas pessoas perguntando o motivo de ter sumido, de não estar postando e sobre minha volta aos blogs. A resposta é: não sei...

Acho que tudo na vida tem um princípio meio e fim. É assim com nossa vida na Terra, com os programas de televisão, com as colunas de jornais, com os seriados, com as carreiras profissionais, enfim tudo. Não conheço nada que seja para sempre, até a mãe natureza está em eterna transformação com seus ciclos de morte e renascimento. Por que seria diferente com os blogs? Por que seria diferente comigo? Por que seria diferente com esse blog?

Não curto palavras definitivas, como para sempre, jamais, bem como não gosto de dizer adeus. Acho que essas palavras carregam o peso do infinito e tudo tem um fim nessa vida, até as decisões que tomamos. Mas a verdade é que não me sinto mais ligada aos blogs. Na verdade ando em busca do que realmente me dá tesão. Vim falando ao longo desses últimos meses de um esfriamento das minhas emoções e vontades, muito ligado a uma atual fase de vida que estou passando. Acho realmente que preciso me redescobrir, aprender novas maneira de sentir paixão, sentimento que praticamente desapareceu da minha vida e gostaria muito que voltasse. Mas certamente não tenho encontrado isso aqui no blog. Andei pensando muito sobre esse espaço desde meu post anterior e cheguei a conclusão que nos últimos tempos tenho escrito meio que no automático,  sem a emoção que tinha lá no início. Enfim, pode ser que tenha chegado o momento de passar para uma nova etapa. Não sei dizer ao certo, prefiro deixar em aberto.

Aliado a isso, me sinto incomodada com o que a internet se tornou de uns poucos anos para cá. Um desfile de egos inflados, ou uma busca desesperada das pessoas para aplacarem suas carências. Um desejo incontrolável que tudo seu seja curtido em redes sociais, comentado. No geral,  parecem estar buscando na internet todo o amor e atenção que lhes faltam na vida cotidiana. E me sentir fazendo parte disso me faz mal. Talvez venha sentido que as pessoas estão focando em serem amadas e esquecem de amar, querem ser admiradas mas não admiram o outro, querem ter seu valor reconhecido, mas não enxergam o que o outro está fazendo de bom. E sinceramente me incomoda demais participar disso, talvez daí venha esse meu movimento de recolhimento, não só por isso, mas também por isso.

Só sei mesmo é que esse blog estará fechado por tempo indeterminado. Se em algum dia desses sentir vontade de voltar a escrever, voltarei. 

Agradeço a todos! Estarei nos blogs amigos, com uma frequência menor do que a habitual. E a vida segue, porque absolutamente ninguém nessa vida é indispensável ou insubstituível. Beijocas a todos.

domingo, 29 de setembro de 2013

Posts nossos de todos os dias...



Eu sempre me interessei mais por posts em que a pessoa abre a alma e o coração sem medo de parecer fraca e ridícula. São poucos os blogueiros que tem essa característica de escrita, mas conheço alguns bons nisso. No entanto o que mais percebemos nos blogs é o que permeia as redes sociais, talvez menos um pouco nos blogs, mas acontece bastante também. Uma tendência a exaltar a felicidade. Vivemos numa sociedade de felizes. Já repararam que todos estão sempre muito engraçados, muitos apaixonados, se divertindo muito e  envolvidos em grandes causas? Onde estão as pessoas insatisfeitas? Onde estão as pessoas que estão batalhando por dias  melhores? Às vezes, ou quase sempre, tudo me soa muito falso, muito estilo "vitrine".

Não, eu não estou dizendo que não ajo assim. Todos nós somos influenciados por essa onda feliz que assola a nossa sociedade. Precisamos o tempo todo estarmos bem para sermos aceitos (foda-se a aceitação!!).  Volta e meia me pego deixando de fazer um post triste por receio daquilo não ser entendido, ou não ser bem recebido, ou não ser admirado, sei lá. Sim, somos tolos e meio carentes, todos nós que nos expomos, seja em blogs ou seja onde for. Buscamos a resposta do outro de alguma maneira, e nunca esperamos uma resposta ruim. Todos nós, ultimamente, vivemos com medo de nos mostrarmos carentes, desanimados, com vontade de desistir. Desistir é uma palavra que não cabe na nossa sociedade atual. Só existe tentar, tentar e tentar, mesmo que não se veja chance o importante é nunca desistir.

Claro que não estou fazendo apologia ao derrotismo!! Não acho que a gente deva alimentar pensamentos negativos, só acho que não devemos nos envergonhar deles e escondê-los a sete chaves, como se as outras pessoas todas tivessem vidas fantásticas e só a sua fosse uma merda. Sim, tem momentos de ser rir das próprias desgraças, momentos de enfrentá-las e tentar mudá-las e momentos de sentar e chorar simplesmente. Que mal há nisso? Sim, parece que há muito mal nisso, afinal não dá ibope, não rende nas redes sociais. E se tu fizer um post triste vem logo a turma do deixa disso.

Como disse acima, sempre vou admirar um texto sincero, talvez não admire um texto derrotista, nem um otimista em excesso, mas quando percebo que ali tem uma pessoa dizendo o que pensa de verdade e não se colocando numa vitrine de felicidade, ou num muro de lamentações, certamente terá o meu maior respeito.

De 2010 para cá, mais especificamente após a mal sucedida cirurgia da minha voz, percebi que fui me modificando muito, modificando meu jeito de lidar com as pessoas e essa modificação me trouxe perdas, umas importantes, outras nem tanto. Costumo dizer que quem me conheceu a partir de 2010 conheceu uma pessoa diferente do que sempre fui. Não gosto disso e estou procurando caminhos novos, soluções para que  consiga retomar a pessoa que era e que gostava, já que nunca me acomodo em situações desconfortáveis. É certo que nesse período cresci como ser humano, certos sofrimentos nos fazem ver outros lados e outras possibilidades que antes a gente estava meio cego. Mas mesmo assim, mesmo com ganhos, acho que minhas perdas foram maiores e costumo enfrentar tudo sempre muito de frente, sem ficar maquiando as coisas para mim mesma.

E para finalizar esse texto, etapa e tudo mais, dizem que quando os animais vão morrer eles se escondem. Não sei muito bem se isso procede, mas aconteceu com um cachorro que tinha. Talvez  traga isso dos animais, não que eu vá morrer... rs... mas se não me sinto bem me recolho num canto. Não sei se essa é a melhor saída, mas certamente é a que me traz resultados. Fico mais para a lagarta que entra no casulo com a finalidade da metamorfose, mesmo que nem todas as lagartas virem borboletas... rs.

domingo, 22 de setembro de 2013

Bissexualidade...



Não é novidade para muita gente que eu gostaria de ser bissexual. No entanto, sei que isso vai ser difícil, pois já tentei transar com mulheres antes e depois da mudança do meu corpo e não rolou tesão da minha parte. Não foi de todo ruim, mas não posso dizer que foram relações sexuais satisfatórias. Gosto do beijo feminino, mas nunca me encantei por uma mulher a ponto de querer namorar ou algo semelhante. Mas é algo que gosto de deixar em aberto. Detesto me sentir fechando questão, gosto de poder mudar de opinião quando um novo caminho ou pensamento me parece melhor. E em relação a sexualidade funciona do mesmo jeito.

Fico imaginando que deve ser muito bom ser bissexual, posso até estar fantasiando a coisa. Imagina a gente se cansar de todas as manias de um sexo e simplesmente querer descansar de ter relações com ele e pular para o outro sexo? Deve ser bom, gente! Claro que estou colocando a coisa de uma forma muito simplista, que cada bissexual deve sentir de um jeito, ter mais preferência por um dos sexos. Mas, no geral, ele joga com mais com mais possibilidades de relacionamento.

Dia desses conversando com amigo no Skype, numa conversa bem reveladora, por isso não coloco o nome dele aqui... rs... conversávamos sobre isso; e num determinado momento disse a ele que acreditava mais quando uma mulher me diz que é bissexual do que quando é um homem. Acho que a mulher se sente mais livre para experimentar uma outra mulher, sem que isso vá ferir sua moral e princípios como acontece com os homens. Creio que para os homens isso se processa de uma forma muito mais pesada, com mais culpas, mais posicionamentos sociais complicados. O homem quando experimenta uma relação homossexual conscientemente, isso já foi muito pensado, já teve que pular mil barreiras internas, vencer o seu machismo, e a tortura do que os outros vão pensar. Então quando vai, certamente é porque tem a convicção íntima de que prefere os homens mesmo. Por isso não é incomum, ver homens que tinham uma vida hétero, num determinado momento ultrapassar a barreira da homossexualidade e simplesmente não voltar a ter relações com mulheres. Podemos dizer que esse homem é bissexual? Prefiro acreditar que num determinado momento assumiu para si mesmo sua homossexualidade e parou de se enganar.

Nessa linha de raciocínio vejo muitos homens se dizendo bissexual. Mas o fato de conseguir ter relação com uma mulher, não significa ser bissexuais. Acho que ser bissexual é realmente estar aberto para ter um relacionamento com pessoas, independente de sexo.  Mas é claro que existem homens verdadeiramente bissexuais, só que, definitivamente, não são todos esses que se dizem ser. Para o homem, dizer que é bissexual é como estar num patamar superior, é como se fosse "menos grave" do que ser homossexual, segundo o olhar machista da sociedade. É como se tivesse afirmando que existe um lado macho dentro dele, que nem tudo está perdido, que tem como fazer o caminho de volta, algo nesse sentido. 

Já com as mulheres é um tanto diferente. Claro que as mulheres tem travas para se relacionar com outras, não vou dizer que é fácil e tal. Mas me parece que se a mulher sentir algo por outra, creio que tenha mais facilidade de ultrapassar suas barreiras internas e sociais. Pode ser que esteja enganada, dizendo uma grande besteira, mas parece que a mulher se permite mais experimentar outra mulher, gostar disso e mais tarde voltar a se relacionar com homens. Sem contar que a sexualidade da mulher é diferente, envolve um todo, geralmente não se resume ao ato sexual em si. A bissexualidade da mulher tem mais leveza, os homens até incentivam,  já que está ligada ao velho fetiche masculino de transar com duas mulheres.

Eu me dou melhor com os homens bissexuais. Parece que tendem a ser menos machistas, mais mente aberta, mais bem preparados para uma relação com uma mulher diferente. Tive alguns parceiros bissexuais com preferência para mulheres e certamente foram melhores do que os héteros em termos de mentalidade. Tenho um jeito muito peculiar de enxergar a sociedade, e os homens bissexuais que conheci tinham esse jeito, não sei se todos são assim, só falo pelos que conheci. Com isso não estou afirmando que as transexuais preferem os bissexuais, comigo é assim.

Concluindo, acho que tudo se resume no quanto você está aberto para os dois sexos. Tanto mais bissexual você será, quanto mais aberto estiver para se relacionar com pessoas dos dois sexo.

domingo, 15 de setembro de 2013

Não faço parte de...



Um dos temas do Saia Justa da semana que passou foi sobre inadequação. E sempre tiro alguns dos meus posts de programas que assisto ou textos que leio. Não creio que a palavra inadequação seja mais apropriada para definir o que sinto, acho que inadaptação tem mais a ver. Sempre me senti não pertencendo a grupo nenhum, mesmo que alguma característica em mim me colocasse dentro de algum grupo, mas, no meu íntimo e na vida, sempre fui um bicho solitário em essência.

Acho que muita gente se sente assim, meio que fora do contexto geral, mas muitas outras se sentem bem encaixadas e certamente sentem que estão pertencendo a alguma "tribo", grupo, segmento da sociedade. No entanto a parcela que se sente inadaptada não é pequena, embora só alguns realmente fiquem visíveis, como é o caso de muitos artistas, que escolhem a arte como forma de expressão e busca de aceitação para suas estranhezas.  Mas a verdade é que muitos dos que sentem não pertencer a lugar algum, sofrem com isso e não são recompensados com nenhum glamour.

No meu caso, não só a questão de ser transexual fez com que me sentisse uma estranha no ninho, mas colaborou bastante nesse sentido. Sei que muitos vão dizer que é besteira o que vou dizer, que sou uma mulher plena e tal (outros já acham que nunca serei uma... rs), mas a real mesmo é que não me sinto plenamente mulher no todo, embora tenha um corpo muito próximo do corpo de uma mulher, tenha uma vida feminina e uma mente feminina. Mas só isso não basta, falta o contexto de vida onde nunca fui inserida, não somos só o nosso presente,  somos o somatório de tudo, inclusive do nosso passado, que diz muito de como estamos hoje em dia. Sempre estive no limbo entre o masculino e o feminino. E a todo momento emocional, físico e de relacionamento, sempre tem uma situação por menor que seja que me lembra que esse limbo vai sempre existir. Começa pelo corpo; sei o que é ter um corpo plenamente masculino, mas não tenho o jeito de pensar dos homens, muita de suas atitudes e comportamentos me são estranhos. Já as mulheres, entendo a linha de raciocínio feminina, afinal sou mentalmente mulher, mas não entendo o corpo feminino, não sei como ele funciona. Tudo isso colabora para me coloca num limbo mental, não pertencendo completamente a nenhum dos lados. Talvez eu pense mais como um gay, mas sei que também não tenho uma cabeça de gay, muitos dos comportamentos e atitudes gays me são estranhos, do mesmo jeito que sinto em relação aos homens e às mulheres héteros.

Mas creio que talvez o que mais pese nessa minha inadaptação ao mundo seja a minha forma de pensar, que é diferente das mulheres no geral, diferente dos homens outro tanto e pior, diferente da maioria das(os) transexuais. E por mais que analise não creio que isso tenha ligação direta com nada do que vivi, embora em alguns aspectos tenha pesado. Mas o ponto crucial é  eu ter mesmo um jeito muito peculiar de ver a vida, os relacionamentos e as pessoas. E esse "não fazer parte de..." esteve presente desde minhas bases, na família que fui criada.

O que a maioria sonha em ter geralmente olho com tédio, o que poucos pensam em ter é importante para mim. O que muitos acham inaceitável, acho normal, o que muitos acham o certo, acho uma bobagem e por aí vai. Normalmente fico tentando me ver em situações que a maioria das pessoas dizem que é o máximo, super legal e por mais que me coloque ali, simplesmente não vejo graça alguma. Já em outras coisas banais que passam despercebidas para a maioria, ali está meu interesse. E aliado a isso tem um cansaço do desencaixe. Queria muito ver graça no que todo mundo acha interessante e divertido, queria dessa forma me inserir, pertencer a alguma tribo, mas por mais que tente é só frustração. 

Então de uns tempos para cá eu tenho chegado a conclusão serena que sou alguém que nasceu para caminhar em carreira solo mesmo. Sinto falta das pessoas, mas ao mesmo tempo elas me cansam muito. É estranho demais, tem momentos que busco a companhia dos outros, para logo em seguida buscar a solidão. É como se estar em contato com os outros me mostrasse o quanto não pertenço a lugar algum, daí eu retorno para mim mesma. 

Daí devem estar pensando que sou uma louca atormentada por todos esses pensamentos desencontrados. Mas a verdade é que não sofro tanto no meu íntimo atualmente, sofro só quando quero estar inserida e não consigo. Mas quando estou só comigo mesma, parece que isso é suficiente. Não que me baste, mas é que depois de tanto tentar buscar um grupo e não se sentir pertencendo a nenhum, a gente se  acostuma a viver só de uma forma que muita gente não consegue imaginar. A gente aprende a não sentir falta.

Sei que algumas pessoas não gostam quando faço posts desse tipo, onde exponho minhas feridas, até porque quando a gente expõe, volta e meia aparece um para cutucar... rs. Mas é que tanto aqui quanto na minha vida cotidiana as pessoas tendem, pela minha história de vida, a me ver como uma pessoa altamente bem resolvida, mas na verdade nada vem fácil, o movimento de todos nós é o de tentar aceitar o que não podemos mudar, sempre e sempre. E definitivamente até hoje não conheci alguém que fosse totalmente bem resolvido, acho isso uma grande fantasia, uma ilusão total. Todos temos nossas neuras e dificuldades e não vejo problema nenhum em assumi-las. É isso que nos torna verdadeiros e humanos.

domingo, 8 de setembro de 2013

A mulher madura fica invisível...


Ainda na vibe no post anterior, preciso dizer mais algumas coisas que percebi ao chegar aos 50. A mulher madura fica invisível aos olhos dos homens. Se você mulher quer saber se já está aparentando maturidade, veja se os homens continuam olhando para sua bunda, para seus peitos, se dão aquela olhada de cobiça, ou dão a famosa viradinha depois que você passa, se ainda falam besteiras para você. Se você não se descuidou e isso não está acontecendo mais, é porque você já está sendo vista como mulher madura.  

Toda mulher gosta de ser percebida, mesmo nas cantadas mais nojentas, fica algo de "Puxa eu ainda sou desejada". Mesmo não sendo bonita, porque definitivamente não sou, sempre chamei a atenção dos homens na rua, em algumas épocas mais, outras menos, mas sempre que saia tinham uns caras olhando, alguns falavam alguma coisa e tal, dependendo do dia, da roupa e tal. Mas tenho que confessar que de uns 3 anos para cá as olhadas e cantadas baratas diminuíram drasticamente e não foi porque embaranguei, até estou bem em forma, mas é por conta de aparentar os anos que se passaram. Pelo que as pessoas me dizem sempre aparentei uns 10 anos menos do que tenho. Então aos 40 eu ainda chamava muito a atenção dos homens na rua, na balada e tal. Mas acho que agora com 51 finalmente eu tenho cara de 40 e poucos... rsrs. E mulher madura é coisa que não faz sucesso visualmente. Percebam que passa uma baranga de 20 e uma mulher inteiraça de 50. Os homens vão olhar para a mulher de 20, é do homem buscar a mulher mais jovem, dizem que é meio instintivo isso.

Outro termômetro que mede se você está sendo percebida como uma mulher madura, é quando você não chama mais a atenção dos homens da sua idade, você passa a chamar a atenção de homens muito mais jovens ou muito mais velhos que você. Isso é fato. Acho que muito por conta disso as mulheres maduras tem ficado com homens mais jovens, porque é muito raro um homem de 45 anos querer ficar com uma mulher de 45, geralmente ele tá de olhos nas de 30... rs. Uma parte dos homens mais novos são desencanados com isso e se deixam encantar pela mulher mais velha, se ela estive bem fisicamente. O homem bem mais velho, lá depois dos 65 anos, esses olham para a mulher de 50, é o esperado,  já que ela é mais jovem  para ele, mas mesmo esses, se puderem escolher, vão querer a novinha.  

Certamente alguns homens devem sofrer com essa invisibilidade da maturidade, mas não da forma como se passa com as mulheres, com a gente a coisa é mais intensa e digamos que mais cruel. Talvez os homens que percebam isso semelhante às mulheres, sejam os homens gays.

Quando comecei a ficar invisível, fiquei me sentindo péssima. Saia para as baladas e os caras passavam batidos, parecia que eu era um espírito desencarnado ali... rs. Eu achei aquilo tão estranho, confesso que doeu muito no meu ego feminino. Não sabia o que fazer nem o que pensar daquilo, é algo que aparece meio que de repente mesmo, e a gente não sabe como veio, nem como lidar com aquilo.

Mas o ser humano é o ser mais adaptável do planeta, por isso ele domina isso aqui. E nos acostumamos a tudo, nos adaptamos a tudo, desde que estejamos dispostos a isso. De uns meses para cá,  assim que comecei a lidar melhor com minha idade, comecei a lidar melhor com a invisibilidade. Comecei a ver o lado positivo disso, que é não ter mais que estar no meu melhor sempre. Quando se é invisível podemos nos liberar para ser e fazer uma série de coisas que não fazíamos antes, pequenos prazeres que vão se somando e se tornam um grande prazer. Podemos sair sem maquiagem, porque tanto faz. Podemos sair com aquela blusa velhinha, porque tanto faz. Podemos agir de uma forma incomum em público, porque tanto faz. Mas veja bem, não é um tanto faz do tipo "Ah tá tudo uma merda mesmo então vou largar pra lá", é um tanto faz do tipo "Hoje estou sem tempo ou sem vontade de fazer isso, amanhã volto ao meu normal". É importante que amanhã você volte mesmo e não se entregue, que tenha sempre o melhor de si mesma. Aliado a isso é redescobrir novas possibilidades e a gente redescobre, eu tenho descoberto, é só ter olhos de ver. Nunca abandonei os valores da mente, do espírito e hoje parece que isso cada dia tem mais importância, tanto em mim, quanto nos outros.

E para terminar esse post, tenho a dizer que ainda olham para mim na rua... rsrs. Não tanto quanto eu gostaria, ou quanto já foi um dia, mas ainda olham... rsrs.

domingo, 1 de setembro de 2013

51 anos...



(O encosto da cadeira se fundiu com a minha blusa preta e estou parecendo mais gorda. Relevem, pois não estou gorda e gostei dessa foto... rs)
Até então nunca me senti à vontade para dizer a minha idade na internet. Mesmo que na vida cotidiana diga naturalmente. Acho que porque na internet as pessoas imaginam demais, e a pessoa estando presente a coisa é diferente. Então ficava pensando que ao dizer que tenho 51 anos,  iriam logo imaginar uma senhora de cabelos brancos, com chinelões, sentada numa poltrona,  coisa que hoje em dia, sabemos que quase nenhuma mulher de 50 segue esse estereótipo, que ainda se perpetua no inconsciente coletivo.

Geralmente aos 30 anos a mulher sente pela primeira vez que um dia  vai envelhecer, mesmo que ainda não saiba que está muito longe disso. Aos 40, no geral, a mulherada entra no desespero e quer correr atrás do tempo perdido, tudo fica urgente. Mas te digo que aos 50 a gente começa a relaxar e ver que não existe só coisas ruins em envelhecer. 

Aos 50 a gente tem nossa vida profissional e financeira estruturada, muitos já tem seus filhos criados. A aposentadoria não precisa mais ser vista como um fim, mas como um recomeço. No meu caso, daqui a 3 anos, quando me aposentar, pretendo finalmente fazer algo que realmente goste, coisa que nunca tive oportunidade de fazer no âmbito profissional. Acordar pela manhã e sair para estudar, ou trabalhar em algo que me de prazer e não apenas pelo sustento. Aos 50 a gente já sabe que nem tudo que a gente quer ou luta vai conseguir, mas podemos descobrir novas formas de realização. Aos 50 a gente já não liga mais se apareceu mais cabelos brancos ou uma ruga a mais. Parece que isso não tem o mesmo peso dos 40. Aos 50 a gente percebe que existe um maravilhoso botão chamado "foda-se", que pode ser apertado mais e mais vezes, conforme os anos passam.

Apesar de admirar imensamente quem sabe envelhecer, quem aceita as marcas da idade com naturalidade, isso não se passa ou não se passou de forma tão branda para mim. Acho que sou vaidosa demais e luto um tanto contra as marcas da idade. Mas aos 50 parece que isso deixa de ser uma obsessão para ser só apenas uma maneira de cuidar de si. Estranhamente começo a sentir um outro prazer que é o acumular de experiência, de ver a vida de forma mais tranquila, mais distanciada, sem tanta urgência, ou sem tanta expectativa. É como se de repente a aparência que todos valorizam o tempo todo, deixasse de ser tão importante e outros valores vão se apresentando para mim. Mas não é um processo fácil e nem se acorda assim da noite para o dia. É um pouquinho a cada dia, daí um dia você se dá conta de algo mudou. E acho que esse dia chegou para mim.  Talvez por isso me sinta à vontade de dizer minha idade hoje, aqui, mesmo sabendo que o estereótipo da senhorinha de cabelos brancos, seja mais forte que a foto acima... rsrs. Mas lembram do botão do "foda-se" a que me referi mais acima? Então, acabo de apertar mais um... rs.

A única coisa que lamento em relação à juventude, é que não pude vivenciar as experiências de uma mulher jovem,  vivi a vida de um gay jovem, mas não sei o que é ser uma mulher fisicamente jovem, quando finalmente me vi num corpo feminino, vivendo uma vida plenamente feminina, já tinha 38 anos e logo veio a crise dos quarenta com a urgência de quem não viveu como mulher aos 15, nem aos 20, nem aos 30. Dos 40 aos 50 vivi uma busca desesperada por esse tempo que não vivi da forma como gostaria.  Mas sinto que agora aos 50, uma calma começa surgir dentro de mim. Não sei bem para onde ela vai me levar,  onde vou chegar nesse novo caminho, mas estou gostando dessa brisa nova que sopra em minha vida.

P.S.: Como tem pessoas me dando parabéns pelo aniversário, hoje não é meu aniversário... rsrs

domingo, 25 de agosto de 2013

Na Moral - Transgêneros

Ando muito sem assuntos para posts, meio sem vontade de escrever, de interagir de uma forma geral. Acho que ando pensativa com questões difíceis de enfrentar e que estive em contato recentemente. Enfim, fases que todos nós temos.

Mas não poderia deixar passar o programa Na Moral dessa semana que foi sobre transgêneros, não só sobre transexualidade mas a maior parte do programa foi sobre questões transexuais. Achei fantástico! Sinto que aos poucos a transexualidade começa a ter visibilidade, coisa que a homossexualidade já conquistou faz tempo. E visibilidade é tudo, com ela vem o esclarecimento, o conhecimento da questão, a quebra dos mitos e tabus. Espero que essa onda continue. 

Para quem se interessar mais um programa que vale a pena ver:


domingo, 18 de agosto de 2013

As aparências enganam...

Sou fã da Marília Gabriela, assisto a quase todos os programas de entrevista dela, tanto o da GNT, quanto os do SBT. E tenho visto muitas pessoas interessantes passar por lá. 

Essa semana que passou, vi que ela iria entrevistar o terapeuta Klecius Borges, especializado em atender homossexuais e bissexuais. Nunca tinha ouvido falar do sujeito. Quando mostrou a imagem dele, não sei dizer ao certo, mas identifiquei algo de gay nele, mesmo sem ter dito uma palavra. Notei que era um cara feio, baixinho e, antes de abrir a boca, até sem graça. No entanto. quando começou a falar me apaixonei imediatamente. Não senti a entrevista passar de tanto que achei fantástica as conclusões e análises do cara. Enfim, não existe nada melhor, que me dê mais tesão do que uma mente brilhante e o vice-versa também acaba com meu tesão. Pode ser o homem mais lindo, que sem conteúdo a coisa não evolui. E isso vale para mulheres também,  na verdade o que importa no final é o que a pessoa te traz como ser humano.

Bem, o post de hoje vai ser isso. A entrevista do Klecius, obviamente para quem quiser ver:


domingo, 11 de agosto de 2013

Quase não sinto saudade...


Saudade é um sentimento estranho para mim. As pessoas que estão na minha idade são quase todas saudosistas e outras bem mais jovem são bastante. Sou uma pessoa quase desprovida de saudade. Acho até que sou meio "anormal" nesse sentido, porque além de quase não sentir falta do que passou ou de pessoas, tenho uma mega implicância com gente saudosista.

Sei que muita gente vai terminar de ler esse post me achando a pessoa mais seca e amarga que conhecem (vai ver até que tem razão... rs) . No entanto podem me acusar de tudo, menos de ser hipócrita e dizer coisas que não sinto. Cada vez mais me recuso a dizer o que não estou sentindo e saudade é uma delas.

Se tem uma coisa que realmente me irrita é esse povo que vive falando "na minha época isso...", "no meu tempo aquilo...". Meu tempo é hoje, aqui e agora! Sou muito mais de pensar no futuro que é algo que posso modificar com as minha ações atuais, do que viver grudada no passado. Esse só me me serve mesmo de referência para não voltar a cometer certos erros.

Agora o mais preocupante em mim é o fato de ser raro sentir saudade de alguém. Ultimamente tive fazendo uma análise da última pessoa que senti falta e cheguei a conclusão que foi uma amiga do trabalho, quando ela estava de férias em junho. Senti saudade dela, porque é alguém com quem divido muito de mim, ela tem o meu jeito de ver o mundo e a vida. Fora essa amiga, não consigo me lembrar de outra pessoa que tenha sentido saudade, vamos dizer, nos últimos seis meses. Isso seria preocupante, só não é, porque não me traz sofrimento e se não sofro com isso, não é um problema a ser resolvido. Mas me intriga ser assim. Talvez a vida tenha me ensinado a viver sozinha e me acostumei com isso.

Não quer dizer que não goste das pessoas, ou que não pense nelas, só não sinto essa necessidade urgente que a maioria tem de estar em contato, ver, conversar. Eu me contento em saber que a pessoa existe, que se a gente se encontrar vai ser bom e que se a gente não se encontrar é porque não deu. É mais ou menos assim que funciona na minha mente, que alias, é super prática e nada romântica.

Fico pensando se o fato de quase não lembrar do que passou tem a ver com o fato de querer esquecer meu passado masculino. Pode ser e pode não ser, não cheguei a nenhuma conclusão nesse sentido, mas de alguma forma isso pesou. No entanto, nunca fui de olhar para o passado, nem mesmo quando vivia num corpo masculino. Então acho que o que pesa mais é o fato de ser assim  em essência.

De épocas vividas, essas então quase nem me lembro. E olha que não foi por falta de emoções. Minha vida é meio paradona hoje em dia, mas já tive fases enormes de vida muito intensa, com muitos acontecimentos, muitas alegrias e tristezas, um campo ótimo para se instalar o saudosismo. Mas raramente lembro do passado. E das pessoas que ficaram lá, muito menos. Tem um cara que gostaria que ele reaparecesse na minha vida. Foi uma paixão muito forte. Dele, uma vez ou outra, lembro com uma certa saudade. Acho que esse é o único do passado. E talvez goste de me  recordar dele e sentir um pouco de saudade, faz com que me sinta humana, fazendo parte de... rs.

Sinto falta da época que minha voz funcionava melhor, mas até nisso a coisa não vem acompanhado do sentimento saudade, mas do arrependimento por ter feito a cirurgia. Acho que quando sinto falta de algo é porque me arrependo de não ter tomado outro caminho. 

Hoje é Dia dos Pais e minha relação com meu pai sempre foi complicada. Devo dizer que não sinto saudade nenhuma do meu pai, nunca tive, não sinto falta da figura paterna,  nunca tive vontade que ter tido outro pai, enfim, não sinto falta desse laço, simplesmente não sinto nada. Sei que dizendo isso aqui muita gente vai torcer o nariz, mas na real, é o que sinto. Admiro demais quem tem relações gratificantes com seus pais, me emociona ver. Relações familiares legais me tocam, acho bonito, mas como a interação com a minha família sempre foi angustiante, simplesmente deletei.

Agora saudade do que não vivi sinto sempre... rs. Na verdade é um sentimento que parece saudade, mas não é. Fica meio como uma nostalgia de algo que poderia ter sido e não foi. 

domingo, 4 de agosto de 2013

Sobre discurtir o relacionamento...



Quem nunca teve uma DR, a famosa discussão da relação? Uns até curtem isso, procuram motivos para ficar infinitamente debatendo os problemas entre o casal. Já outros como eu, detestam, só fazem porque realmente é necessário. Afinal, quando se desiste de discutir a relação e o relacionamento vai muito mal, é sinal que está com os dias contados para o fim.

Tive muitos relacionamentos durante a minha vida e morei com dois homens (não ao mesmo tempo, claro...rs) e morando junto é quase inevitável passar por DRs. Geralmente são as mulheres que tomam a iniciativa desse tipo de conversa, mesmo que existam alguns poucos homens que adorem DR. Conheço alguns e os acho uns chatos. Acho que é meio do espírito feminino ficar buscando entender o relacionamento. O homem no geral, se estiver com seus requisitos básicos satisfeitos, seguem sem se perguntar muito. Claro que estou dizendo que em regra é assim, mas óbvio que está cheio de exceções, como eu e as que conheço.

Com os dois companheiros que vivi, quando tinha que ter uma DR, era algo que eu "ruminava" durante um tempo, procurando soluções para não chegar ao ponto de ter esse tipo de enfrentamento. E normalmente chegava para o parceiro e marcava um dia, geralmente um sábado, em que a gente pudesse sentar e tomar umas cervejas para que a coisa ficasse menos pesada. Simplesmente odeio DRs, mas não tem como evitá-las. Ainda bem que de todos os meus relacionamentos só um amava DR e a coisa não durou dois meses... rs.

Os dois companheiros com quem morei, não me perguntavam onde fui, com quem estava, porque cheguei tal hora. Não me perguntavam o motivos de eu estar agindo assim ou assado em pequenas coisas, só nas coisas realmente importante. Acho isso tão libertador!  Simplesmente me deixavam livre, e sempre procurei retribuir da mesma maneira.

Duas mulheres com quem trabalho, fazem DR pelo telefone, durante o expediente e com todos ouvindo. São conversas daquelas que o casal só deve ter entre quatro paredes. Sinceramente não consigo entender algo assim. Fico com vergonha alheia.

Infelizmente não nos deparamos com DRs só nos relacionamentos amorosos. Volta e meia aparece uma amizade na minha vida que adora DRs de amizade. Affe!! Se dentro de um relacionamento romântico já acho um saco, imagina com amizade?! Normalmente são aqueles amigos que ficam te perguntando porque você está tratando ele dessa ou daquela maneira. Ou aquele amigo que se você some pelas contingências da vida, na primeira oportunidade te cobra presença, pergunta porque não ligou, porque não respondeu o email e tal. Nossa, não tenho a menor paciência para amizade assim, acho totalmente desnecessário.

Tenho três amigas de vida, tirando os de internet, que de uma certa maneira ficam separados na minha cabeça, já que separo bem minha vida virtual da vida cotidiana. Então essas três amigas ficaram na minha vida porque simplesmente não me cobram nada, nada, nada. A gente pode ficar semanas sem se ver, quando nos encontramos a conversa começa do ponto que parou sem nenhuma indagação tola. Elas são como eu, e por isso a coisa continua. Se uma precisar da outra a gente tá presente. Se uma sentir saudade da outra, procura, sem explicações, simples assim.

DRs, sejam do que jeito que for, prefiro evitá-las, mas se não der, que seja pelo menos suave na forma de abordar as questões.

domingo, 28 de julho de 2013

Que tal, também, valorizar a sabedoria?!

Dia desses estava no trabalho e uma das estagiárias de 19 anos disse, com orgulho, que não era nascida quando um tal fato aconteceu. Aí uma tonta de 36 anos vira e diz que se sente humilhada com a juventude da tal estagiária. Como assim ter nascido depois dos acontecimentos é mérito?!! Vamos dar valor ao que tem valor! Desde quando ter vivido, ter presenciado, ter bagagem de vida, é algo menor do que simplesmente não ter passado pela vida? Os valores estão  invertidos!

Não é incomum ver jovens dizer com orgulho que não viram tal coisa, que não presenciaram, que não conhecem isso ou aquilo  porque é anterior ao seu nascimento. Para mim isso só quer dizer uma coisa, alienação. O que aconteceu antes de termos nascido, explica o porquê de estarmos assim hoje. E algo que aconteceu no passado não é menor do que algo que acontece no presente. A valorização da juventude é algo tão absurdamente emburrecedor, que um jovem vazio de experiência está num patamar superior a um idoso que tem muito a contar sobre o que viu e viveu.

Não, não estou aqui para dar uma de hipócrita e dizer que desprezo o valor da juventude, que não quero me manter o mais jovem possível. Não é isso, acho que as duas coisas podem andar paralelamente. Cultivar hábitos saudáveis, ter sua vaidade, mas também valorizar a experiência de vida, coisa que só os mais velhos tem. Jovens por mais inteligentes que sejam, por mais que aprendam rápido, precisam dos anos para solidificar e amadurecer suas opiniões. Vivência é algo que não se adquire de uma hora para outra, não se compra, não se nasce com ela. Só o passar dos anos te traz isso. Então vamos admirar e não desprezar como se fosse um defeito.

E também não fiz esse texto para diminuir a importância dos mais jovens. Jamais! Inteligência, capacidade e talento é algo que independe de idade e qualquer um, em qualquer idade pode ser brilhante. Mas experiência e vivência, só os mais velhos tem. Alias é a única parte boa de envelhecer, é exatamente a parte que vejo todos desprezando, tanto do lado dos jovens, quanto das próprias pessoas com mais idade, que se acham menos porque viveram mais. Isso realmente, volto a repetir, é uma inversão total de valores!! Infelizmente vivemos numa sociedade fútil em essência.

Gosto bastante de ouvir o que os mais velhos tem a dizer e geralmente dizem muito. A experiência de vida traz um olhar diferenciado e amadurecido sobre o mundo, algo gostoso de ser ouvir e de se absorver. Definitivamente não tem nada de errado em ter vivido na época que não existia isso ou aquilo, ou que não acontecia isso ou aquilo. Essas pessoas viram tudo mudar desde o início. Esse é o lado super legal de se viver mais, que é realmente ter visto mais, ter experimentado mais.

domingo, 21 de julho de 2013

Narcisismo patológico...


Todos nós em maior ou menor grau temos nosso grau de narcisismo. Caso contrário as redes sociais não teriam dado tão certo. Todos nós gostamos de ser desejados, aprovados e em muitos casos o que se busca é a a idolatria. Mas hoje quero abordar o outro lado,  quando o narcismo deixa de ser uma característica inerente ao ser humano, para se tornar algo doentio. Quando a pessoa perde a noção que a vida do outro tem tanta importância quanto a dela e daí quer se tornar o centro das atenções o tempo todo.

Quem não conhece aquela criatura que só seus problemas são terríveis, que só suas alegrias merecem ser contadas inúmeras vezes, que só sua vida realmente tem graça? Isso é o que a gente acha quando nos deparamos com esse tipo, mas depois da opinião de um filósofo a respeito,  vi que é exatamente o contrário, a pessoa se acha pouco demais e tenta suprir isso se colocando como centro. Isso se parece muito com o complexo de superioridade, em que o indivíduo afirma o tempo todo o quanto é bom, diminui quem está ao redor, para ele mesmo acreditar que é competente, habilidoso, talentoso. 

No caso do narcisismo patológico (o "patológico" é por minha conta... rs) a pessoa tem uma autoestima tão baixa, que se volta totalmente para si num movimento de salvar a sua individualidade. Ou seja,  se sente tão por baixo, que vira todos os "holofotes" em sua direção, para que as pessoas a aprovem e assim possa se sentir menos por baixo. Mas na verdade, creio que um movimento não alimenta o outro e a coisa simplesmente não tem fim. A pessoa fica autocentrada para ter a aprovação das pessoas e quando os outros percebem isso, se afastam e a criatura continua pedindo aprovação. Num ciclo vicioso sem fim.

Claro que não pude deixar de pensar em quanto disso me encaixo. Porque minha autoestima não é das melhores, sempre admiti isso. Mas fiquei refletindo muito e acho que me encontro no meio do caminho. Tem muitos momentos que quero toda a atenção para me sentir aprovada, mas acho que no geral sei escutar o outro, me interesso pelo mundo. Acho mesmo que vivo fases de narcisismo patológico no sentido de buscar aprovação por conta da baixo autoestima. Mas não sou a chata que só fala de si o tempo todo, isso definitivamente não sou. Tenho plena consciência que as pessoas não estão interessadas nas miudezas da minha vida, talvez nem mesmo nas coisas importantes. Cada um está preocupado com sua vida. Aliás quando o assunto é falar, escolho sempre o que dizer, sou de poucas palavras.  De qualquer maneira tem algo de patológico, nesse sentido, em mim... rsrs. Só não sei identificar muito bem como isso se manifesta.

Fiquei tentando encaixar pessoas do meu convívio nesse perfil e obviamente me vieram algumas, vocês também vão perceber. São aquelas que atribuem qualidades a sim que definitivamente não possuem. São aquelas que falam demais e contam pormenores das sua vida como se fossem coisas importantíssimas, e que acham que estão agradando, ou nem sei se acham, ou se precisam só de um ouvido para poder falar sem fim. Odeio quem fala demais, aquela pessoa que você diz oi e a pessoa conta a vida. Nossa, não existe nada que me irrite mais!! Talvez por isso eu fale pouco.

Toda semana digo para mim mesma que não tenho mais nenhum assunto para abordar no blog, daí vejo um programa, uma entrevista, leio alguma coisa e o assunto entra na minha mente e vira um post. Foi o que aconteceu vendo o Saia Justa dessa semana, quando assisti a opinião do Luiz Felipe Pondé, que é um filósofo que adoro, sobre esse tema. Vou deixar o link com o vídeo de 2 minutos em que ele fala sobre esse assunto e foi o que me inspirou esse post, vale conferir.



domingo, 14 de julho de 2013

Pessoas que buscam relacionamento de forma estranha...


Às vezes sinto vontade de fazer algum movimento, qualquer coisa em busca de um relacionamento amoroso, porque sinto falta, como todo mundo sente. Mas sinceramente o desespero das pessoas a minha volta é tão grande, as maneiras como as solteiras e os solteiros buscam relacionamentos é algo tão estranho que acabo simplesmente ficando na minha, com medo de acabar como essas pessoas.

É óbvio que se a gente não se colocar disponível ninguém vai bater na porta da sua casa dizendo que te ama. Já até aconteceu comigo, mas foi a maior furada por que passei. Quem acompanha o blog lembra da história do canalha. Bem, então concordo que a gente tem que se colocar disponível, atentos a quem está nossa volta e tal, mas o que vejo no geral não é isso, o que percebo são pessoas que armam estratégias de todos os tipos para arrumar alguém como se estivesse em busca de algo imprescindível e urgente.

Trabalho com uma mulher que ela é o exemplo vivo disso. Quando ela está solteira é como se  tivesse perdido o emprego. Daí começa a fazer todos os programas que normalmente não fazia e a conversar com todos os homens como se eles fossem ocupar um cargo na vida dela. A busca é estranha mesmo, ela vai para a balada e fica em pé num canto esperando que os "candidatos" cheguem, daí faz uma série de perguntas e se o cara não se encaixar no que espera, parte para outro. Eu acho isso estranho demais da conta!

Vendo o Saia Justa dessa semana a Barbara Gancia disse uma coisa certíssima. As pessoas não buscam uma pessoa para se relacionar, mas um modelo que se encaixe nas suas expectativas. No geral todos nós temos tendência a fazer isso, mas cabe a nós nos policiarmos e não alimentar esse tipo de comportamento. Então a pessoa só vai ficar com alguém se ele se encaixa em uma série de pré-requisitos básicos? Onde fica o deixar a coisa acontecer para ver se dá certo? 

Outra coisa que me incomoda, até porque já passei por essa fase e sei que é meio que uma furada, é a pessoa ficar em sala de bate papo, sites de relacionamentos, idealizando quem está do outro lado. Olha, pode ser que isso tenha dado certo para alguém, até sei de alguns casos. Mas no geral a chance disso acabar só num encontro ou numa decepção, é grande, porque se pessoalmente, olhando para a criatura em carne e osso, a gente já idealiza, imagina dentro da nossa casa, lendo frases super elaboradas que alguém te manda e vendo as melhores fotos dela, ou o melhor ângulo no vídeo? A possibilidade da gente fantasiar é enorme e quanto mais expectativas mais chance de decepção, todos sabemos disso.

Por essas e outras que nem sei o caminho de um encontro legal acontecer, sinceramente não sei. Sei de alguns caminhos que definitivamente não funcionam para mim. Acho mesmo que esse tipo de coisa pertence ao destino, ao acaso. Porque meus melhores relacionamentos surgiram quase do nada, não foram em baladas, em festas, em grande eventos, ou em buscas na internet, foram no dia a dia mesmo, no cotidiano banal que eles apareceram. Acho que é meio como diz Caetano Veloso: "- É estranha a força que as coisas parecem ter, quando elas precisam acontecer". Nesse setor, se não rolou é porque não tinha que ser, acredito nisso.

domingo, 7 de julho de 2013

Meu lado autodestrutivo...

(adoro a Amy, mas ela representa bem o que vou abordar hoje)
Em se tratando de autodestruição as pessoas diferem bastante, umas são bem autodestrutivas e outras ao contrário estão sempre se reconstruindo não importa o que aconteça. Mas existem as pessoas como eu, que tem os dois lados agindo quase que simultaneamente, em umas fases tenho uma tendência a detonar minha vida,  em outras uma enorme capacidade de reconstruir. A batalha entre esses dois universos me cansa bastante.

Lá na minha adolescência e início da fase adulta, posso dizer que eu era 80% autodestrutiva. Quem chegou a ler o livro que disponibilizei, pode verificar que só não morri porque não era para ser mesmo, porque corri muitos riscos, não me importava se iria morrer ou não, na verdade nunca tive e nem tenho medo da morte, é algo que até daria outro post. Então vivia como se não houvesse amanhã, tinha um prazer mórbido em fazer tudo ao contrário, em chocar, em escandalizar, em contrariar. E me sentia intimamente satisfeita quando estava detonando minha vida. Hoje entendo que grande parte disso era porque queria muito me livrar do corpo masculino que sentia não pertencer a mim. O corpo funcionava como uma prisão e destrui-lo significava, emocionalmente,  me libertar.

Quando falo em autodestruição não estou dizendo que meu desejo é me matar. Até foi há muito anos atrás, mas faz tempo que isso não passa mais pela minha cabeça. A autodestruição que falo é algo mais como um processo negativo, algo que vai na contramão de tudo e sim, pode em alguns momentos colocar a vida em risco, mas  não de forma consciente.

Claro que chegou um momento em que tive que optar e foi a partir daí que começou a batalha entre meus dois lados. Muita gente que me conhece só pelos meus posts ou só depois que me tornei a Cris, pode achar que estou exagerando quando digo que sou essencialmente autodestrutiva, mas sou. O que acontece é que tenho uma característica que me ajuda muito, que é uma grande determinação quando quero agir em cima de algo. E uso essa determinação para sufocar esse meu lado destrutivo, que é forte.

Depois de um tempo aprendi a usar a determinação não só para sufocar o lado destrutivo, mas também para reconstruir minha vida. Acho mesmo que a minha determinação foi o que me salvou e salva até hoje. Nos momentos em que estou no limite, quase desistindo, quase me entregando para esse lado negro, vem uma força que parte dessa determinação e bloqueia.

Dessa maneira, aparento para as pessoas ser uma pessoa construtiva e que age para o positivo com certa facilidade, mas na verdade o que existe mesmo é uma grande batalha para sufocar esse meu lado negro, que parece sempre está lá me chamando, me arrastando, consumindo minha vontade de existir. 

Acho que me darei como vitoriosa se ao final da minha vida perceber que consegui viver mais tempo construindo do que destruindo, nesse momento eu saberei que venci. Porque a batalha entre os dois lados segue com o lado construtivo ganhando no momento, mas estou sempre atenta. 

domingo, 30 de junho de 2013

Sobre ter esperança...


A esperança pode ser uma bênção que te ajuda a seguir em frente, lutando e acreditando em dias melhores, ou pode se tornar um monstro que consome suas várias outras possibilidades quando se espera que o improvável vá acontecer. Em muitos momentos na vida precisamos saber a hora de parar de ter esperanças em algo, porque aquilo simplesmente não vai funcionar.

Sei que vão ter pessoas nesse momento, principalmente os otimistas crônicos, que vão dizer que sempre devemos ter esperanças, mas esperança sem bom senso, esperança só para continuar seguindo em frente é meio que burrice. Porque quando focamos em algo que as possibilidade de acontecer são mínimas, o que a gente está fazendo não é ser batalhador, simplesmente estamos desperdiçando um tempo precioso que poderíamos estar usando na construção de uma nova meta, de um novo caminho, de uma nova forma de viver.

Sei que tem casos de pessoas que contrariam essa minha tese, que continuaram suas lutas em causas quase que perdidas e obtiveram sucesso. Só que para ser assim a pessoa tem que bem mais idealista do que realista. Meu grande respeito pelos idealistas, mas acho que não sou uma. Até cultivo um certo idealismo quando as questões não interferem diretamente em resultados concretos para minha vida. Sou mais idealista para questões sociais, que envolvem o todo.

É fácil renovar esperanças ou deixar de tê-las, quando as situações sofrem grandes modificações. Mas quando estamos estagnados por muito tempo, quando a situação não dá sinais de alteração, esse processo de passar da esperança à falta dela, ou vice-versa, é longo e meio que dolorido, porque precisamos pesar exatamente o que perdemos e o que ganhamos mudando de atitude.

Tenho pensado demais se devo ainda ter esperança em alguns pontos da minha vida, ou se não seria melhor jogar a toalha e seguir um novo caminho, talvez não o mais lindo, colorido e brilhante como o que sonhei, mas um caminho mais possível, mais de acordo com a minha realidade.

P.S.: Quando me propus a escrever esse post, minha intenção era fazer um texto com no máximo três curtos parágrafos. Bem, acho que não consigo escrever textos curtinhos... rs

domingo, 23 de junho de 2013

Manifestações, memória, perguntas e vídeo...



Eu poderia fazer um post sobre como fiquei feliz com as manifestações sociais dessa semana que passou, mas qualquer coisa que fosse dizer, só iria repetir o que alguém já disse a respeito, li muitos posts e matérias que expressavam exatamente a minha opinião. Então fica aqui o meu apoio a todas essas manifestações e dizer que fiquei orgulhosa de ser brasileira. Sempre achei que essa forma "bovina" que o povo tinha de aceitar tudo enfiando a cara no futebol, carnaval e cerveja era algo muito prejudicial. Agora vejo uma luz no fim do túnel. Espero que a coisa não pare por aí. Agora que o povo descobriu que pode ser ouvido, que continue reivindicando seus direitos.

Minha memória é muito ruim, do tipo ruim preocupante mesmo. Acho que quando ficar velhinha vou ter alguma dessas demências senis, porque não é normal a forma como esqueço tudo na minha vida. Às vezes isso me favorece, mas na maioria das vezes me deixa mesmo é em boas saias justas. Daí surge um assunto para eu fazer um post e vou direto pesquisar no meu blog para ver se já escrevi sobre aquilo. E ultimamente quase todos os assuntos sobre os quais quero escrever, pesquisando, percebo que já dissertei sobre ele e do jeitinho que estou pensando. Me dá uma tristeza que só. Em muitos momentos acho que os assuntos se esgotaram, que é melhor fechar o blog, ou tirar mais umas férias, sei lá...

Daí o assunto que eu tinha previsto para escrever hoje, já tinha escrito sobre ele. Então me surgiu a idéia de responder algumas perguntas idiotas e outras nem tanto que vieram a minha mente:

1) Pense no dia mais feliz da sua vida. Pensou?  - Garanto que não tem a ver com coisa, mas sim com sentimentos. É uma realidade, fiz esse teste com várias pessoas e nenhuma disse que foi o dia que ganhou alguma coisa, ou comprou algo, ou fez algo, mas sim muito a ver com pessoas e sentimentos mesmo. Eu sei qual foi o dia mais feliz da minha vida, foi em junho de 2004 e sim tem a ver com uma pessoa por quem fui muito apaixonada. E olha que nem sou tão romântica assim...

2) Qual a coisa, situação, pessoa que se te faltasse faria sua vida mais infeliz? -  Pensei nisso e acho que a coisa que mais me veio a mente foi meu emprego. Acho que sem ele minha qualidade de vida cairia muito. Claro que a saúde está em primeiro lugar, sem ela nada importa, mas acho que para exemplificar uma mudança de situação na vida, acho que o emprego me deixaria bem infeliz se eu o perdesse.

3) Qual a coisa, situação, pessoa que te faria mais feliz se você a tivesse? - Certamente que no meu momento atual, seria ter minha voz razoavelmente funcional de volta. Acho que isso tem melado todas as áreas da minha vida, então no momento seria o que me faria mais feliz, com certeza.

4) Qual a coisa banal que não pode faltar na sua vida, porque se faltar, deixa de ser banal e se torna prioridade? - Certamente café... rsrs. Sou uma viciada total em café. Já parei de usar drogas, já larguei os dois maços de cigarro que fumava por dia, parei de roer unha. Mas pensar em ficar sem café me dá arrepios. Já acordo e vou direto para o fogão fazer café, onde estou tem que ter café, exceto claro, se tiver tomando bebida alcoólica.

5) Qual a característica psicológica que adora em você e a que detesta? - Que eu adoro é a minha determinação quando quero realizar algo. O que mais detesto no momento é minha extrema ansiedade que me faz sofrer bastante, principalmente a ansiedade com o futuro.

6) Qual a característica física que gosta em você e qual a que detesta? - Gosto da minha boca, da minha cor de pele e não gosto do meu cabelo e do meu pé (prefiro deixar a voz de fora dessa... rs).

7) Qual a característica psicológica que mais admira nos outros e qual a que mais detesta? - A que mais admiro é inteligência emocional apurada. A que mais detesto é mau humor, mas muita gente acha que rir de tudo e contar piada é sinônimo de bom humor, enquanto que para mim o  bem-humorado é aquele sabe aproveitar o tempo certo para dar leveza as situações, muito relacionado com inteligência e bom senso. Em oposição, o mal-humorado é aquele que pesa sempre com suas observações inconvenientes.

8) Qual a característica física que mais te chama atenção e a que mais te esfria em alguém? - No homem, ser magro é o que mais valorizo, pode ser feio, baixo,  careca, mas se for magro, já tem muitos pontos. A que definitivamente acho horrível é homem de bunda grande, sabe aquela bunda que de tão grande balança? Afffeee!! Pode ser o mais lindo,  não dá... rs. Nas mulheres o que mais me chama a atenção é um cabelão bonito, o que mais acho feio, em oposição ao homem, é mulher sem bunda... rs.

Quem quiser responder as perguntas em seus blogs, ou nos comentários, ou em lugar nenhum fique à vontade... rs.

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Fico feliz quando vejo transexuais bem resolvidas e batalhadoras como essa do vídeo, um exemplo a ser seguido por muitas. Reparem no namorado dela! Que homem lindoooo! rsrs

domingo, 16 de junho de 2013

Sexualidade: Sair ou não do armário?

Se tem uma pessoa que pode falar sobre esse tema com tranquilidade essa pessoa sou eu. Tive no armário por breves períodos, em momentos em que era mesmo para me salvar, mas nunca foi a situação que me sentia confortável e protegida, era angustiante para mim pensar que estava mostrando algo que não era eu. Portanto, rapidamente, tratei de enfrentar tudo e todos e pagar o preço, que não foi baixo, por escolher viver fora do armário o máximo possível.

Daí alguém vai dizer! Mas você ficou no armário durante quase cinco anos aqui no blog. Não nego que era uma espécie de armário, mas só algo parecido, já que nunca tentei aparentar algo que não era. A minha vida não é o blog, o blog é uma parcela ínfima do que sou como pessoa, aqui é apenas um lugar que coloco alguns dos meus pensamento. No meu cotidiano não vivo em armários. E se a gente for cavucar mesmo a vida de cada blogueiro, vai me dizer que todos contam absolutamente tudo de cara? Claro que não, a gente vai conquistando nosso espaço, os leitores, para depois abrir as questões mais densas. Se tem exceções? Tem, sim!! Eu mesma no meu primeiro blog, assumi de cara desde o primeiro post que era transexual e ainda colocava meu nome completo e foto. Acho que tive mais problemas em colocar meu nome todo, do que propriamente com a questão trans.

A novela Amor à Vida trouxe um tema interessante que é questão do personagem Félix, um gay não assumido, de armário, que se casou com uma mulher para levar uma vida de fachada. É bom quando novelas colocam temas polêmicos, porque a sociedade passa a debater a matéria. Debates normalmente levam a esclarecimentos e acho válido, mesmo que o formato de novela seja algo direcionado para um pessoal que não quer pensar muito. Mas nada contra, sou noveleira assumida.

Há muitos anos atrás, quando eu me apresentava como um gay na sociedade, já era assumida(o) no trabalho, em casa, para os amigos. Nunca criei relacionamentos e historinhas para fingir ser quem não era. Se sofri por conta disso? Muito! Porque tudo isso foi numa época em que a violência contra os gays era a mesma de hoje, o preconceito era escancarado, não existia o politicamente correto para amenizar nada e não exista na sociedade nenhuma representação ou luta pela causa gay, então era cada um por si. Sofri muito sim, mas acho que mesmo assim ainda valeu mais que ficar no armário

Engana-se quem acha que transexual é aquela que desde pequena se veste como mulher e chega na adolescência toda feminina. Principalmente as trans da minha geração foram muito sufocadas por um preconceito mais pesado. Diria que a grande maioria das trans da minha idade simplesmente não conseguiram se assumir, muitas formaram uma família no papel de homem, vivendo vidas falsas, completamente infelizes. Eu conheço inúmeras histórias. 

Pela minha experiência, paguei um preço mais alto, bem mais alto por me assumir transexual, do que quando me assumi gay, parece que a sociedade ainda segrega mais que tem a minha questão sexual. Mas não é algo que possa afirmar com certeza, só que comigo senti que foi assim.

Sei que o que vou dizer pode gerar uma polêmica, mas se digo é porque tenho conhecimento do assunto, pois vivi. Posso entender porque uma pessoa viveu no armário há trinta anos atrás. Já que a sociedade era bem outra, você não tinha nenhum apoio externo. Mas não consigo entender muito bem o motivo de uma pessoa viver no armário nos dias de hoje, em que sair do armário ajuda da luta contra o preconceito, já que tem tantos movimentos a favor do questão LGBT, já que a mídia ajuda, o politicamente correto ajuda. Ficar no armário é simplesmente lavar as mãos, é dizer que aquela causa não é sua, é não colaborar em nada, é deixar o "trabalho sujo" nas mãos dos outros. Se você não quer levantar bandeiras, ir a passeatas e etc, tudo bem!! Mas é essencial ser verdadeiros consigo mesmo e com quem te rodeia, com as pessoas que fazem parte da sua vida. Já pensou que você pode não mudar uma sociedade, mas pode mudar a cabeça de algumas pessoas?! Eu mudei!!

Não assumir sua sexualidade ou questão de gênero, é bem como disse a jornalista Barbara Gancia: "A pessoa tem todo o direito de ficar no armário, ela não é obrigada a abraçar nenhuma causa,  mas ficando no armário, ela só está exercendo mesmo o direito de ser infeliz sendo quem não é". Amei essa frase porque resume tudo que acho e vivi a respeito. E sonho com o dia que todos possam sair dos seus armários com menos dificuldades.

domingo, 9 de junho de 2013

Chegando o Dia dos Namorados...


Talvez essa seja a data mais lamentada pela ala feminina...rs. Concordo que muitos homens estejam aí querendo arranjar uma namorada, mas essa busca pela "outra metade", culturalmente, é bem mais das mulheres. Se contar todos os dias 12 de junho da minha vida, com certeza, a maior parte deles passei sozinha e não tenho muito problema com isso. Afinal, se existe uma pessoa que não se liga em datas, essa pessoa sou eu. Mas qual  solteiro que se sente plenamente satisfeito nessa condição? Certamente existe um ou outro que numa fase prefira estar livre e solto, mas todos nós queremos um par um dia.

Faz tempo que estou sozinha e tem uma coisa de bom nisso, aprendi demais com minha solidão, aprendi que não precisamos ficar desesperados atrás de alguém, aprendi que podemos fazer várias coisas legais sozinhos e aprendi acima de tudo a curtir ficar comigo mesma. Posso passar dias dentro do meu apartamento, sem conversar com ninguém (sem conversar mesmo, nem por telefone) e mesmo assim me sentir bem. Por a vida, ou destino, ou minhas escolhas terem me levado a estar mais sozinha, criei muitas formas de não me importar com isso. Depois de um tempo isso ficou natural, nada forçado, simplesmente, fico bem sozinha.

Mas é óbvio que o ser humano não foi feito para a solidão. É claro que gostaria de ter um parceiro legal, mas um parceiro legaaaal.  Instintivamente procuramos um par, não tem como bloquear isso dentro da gente. O que podemos fazer é racionalizar essa busca, não deixar que ela se torne o motivo da sua vida, não deixar que os sentimentos fiquem descontrolados fazendo com que a gente se agarre ao primeiro traste que aparecer.

Posso dizer com toda a sinceridade da minha alma, que prefiro acabar meus dias sozinha a arrastar relacionamentos desgastados. Porque sei bem o que é isso. O que é você acordar, interagir e ter que ir dormir ao lado de uma pessoa que não te diz mais nada. Esse tipo de situação é mil vezes mais desgastante emocionalmente do que simplesmente seguir sua vida sozinho. E olha que tenho vários exemplos em volta de mim de relacionamentos totalmente desgastados, é triste de se ver, me dá medo, talvez por isso esteja tão reticente nessa esfera.

E como tem gente que não sabe viver só!! Fico impressionada com o desespero de algumas pessoas quando terminam um relacionamento e se percebem sozinhos. Parecem que passam a dedicar toda a sua vida a conseguir um novo parceiro ou a voltar para o velho parceiro e tentar fazer funcionar algo que já está estilhaçado faz tempo. Sem contar os casais que continuam juntos com aquela relação detonada por simples dependência emocional um do outro, ou puro comodismo.

Aprender a fazer companhia a si mesmo é importantíssimo para a busca de uma relação legal. Porque quando não lidamos bem com nossa solidão, qualquer um pode parecer ideal para preencher aquele buraco imenso. Mas se estamos bem sozinhos, podemos avaliar melhor se aquela pessoa realmente vai nos satisfazer.

Lendo assim meu texto, parece tudo muito utópico. Parece conversa de mulher encalhada. Talvez eu seja encalhada, sei lá! O que me importa? É só mais um rótulo dentre tantos que podem me colocar...rs. Mas se pensarmos bem, todos nós podemos nos acompanhar de alguém, todos temos alguém que seria um possível pretendente. Posso dizer que tenho um e fica bem pertinho de onde moro. Só que por não ter essa urgência de me acompanhar, não sinto que ele seja o cara que quero para mim. É isso que quero colocar nesse post, sobre a importância de seguir bem só, para poder escolher melhor uma companhia. Pior do que ser sozinho é escolher um relaconamento mais ou menos, daquelas que a gente sabe que não tem futuro...

domingo, 2 de junho de 2013

Amigos que torcem contra!!



Quem não tem aquele amigo (que de amigo não tem nada) que torce contra você, mas de forma velada? Todos nós temos pessoas assim a nossa volta. Umas por um tempo, até achamos que são nossas amigas, porque são pessoas do tipo vampiras que gostam de estar por perto, se fingindo de interessada em seu bem estar, num desejo mórbido de saber se alguma coisa está dando certo para poder "secar" nossa vida. 

Até bem pouco tempo atrás, questão de uns dois anos, não acreditava no poder da inveja, achava que isso é uma bobeira, que ninguém iria invejar minha vida e ainda acho que não tenho nada para ser invejada. Mas foram acontecendo uns lances com pessoas próximas e verifiquei que não importa o tipo de vida que você leva, se você tem muitos atributos para ser invejado ou nenhum, que sempre vai ter uma ou mais pessoa te vampirizando no silêncio. É que o problema não está em quem é invejado, mas em quem inveja.

A questão é que o invejoso é uma pessoa que foi endurecida pela amargura. Não a vejo como se tivesse nascido assim, acho que foi se tornando assim ao longo da vida, devido a não saber lidar com suas frustrações. A pessoa vai se sentindo impossibilitada de ter o que almeja, daí entra num processo que creio que seja doentio, do tipo "se não posso ter, ninguém merece também".

Bem, todos nós temos algum grau de inveja, tanto que está na lista dos sete pecados capitais. Mas o problema é a proporção que isso toma na sua vida, se sai do controle e passa a interferir nos seus relacionamentos, daí acho que vira um problema.

Tenho dois conhecidos, que ilustram bem isso. Uma mulher que acha que é minha amiga, mas definitivamente não sou amiga dela e nem nunca disse que era. Ela é uma das pessoas que mas "seca" os relacionamentos amorosos de todas as mulheres que estão a sua volta, pior, mesmo que ela esteja namorando. E como atualmente ela tá solteira, a coisa tá feia, está de um jeito tão evidente que dá até medo de estar perto. O outro é um cara que já ficou caricato nesse ponto, porque a inveja dele é tão evidente, no quesito ter dinheiro,  que para ele absolutamente ninguém nessa vida merece o que tem, mesmo que tenha ralado muito para conseguir.

Sempre disse que não sou boazinha e não sou mesmo, tenho pensamentos terríveis que até sinto medo de mim mesma... rs. Então quando me deparo com esses seres invejosos doentios, imediatamente entro no meu modo de defesa e passo a torcer contra. Já que eles que querem que todos se f*dam, então que se f*dam eles primeiro. Não tenho a menor pena quando as coisas saem errado para essa pessoa, quero mais é que se lasquem todos. 

No entanto o mais triste é quando você tem uma amizade com alguém que você acha que é uma boa amizade, que pode contar com aquela pessoa para tudo e num determinado momento começa a perceber que ela está torcendo contra você. Nossa isso é tão ruim, tão broxante, que confesso que é um dos poucos motivos que me fazem cortar a amizade sem segunda tentativa. Geralmente dou muitas chances para amigos, mas supostos amigos que percebo que estão torcendo contra mim, imediatamente entro naquele modo de defesa e passo a torcer contra ele. Daí passa a não existir mais nada além de uma competição para ver quem se ferra primeiro. E como detesto competições, imediatamente largo a pessoa para lá.

Ainda bem que conto com alguns amigos que contando não cabem em uma mão, que são pessoas que sinto de verdade que torcem por mim. E automaticamente, torço muito por eles. Isso é uma característica em mim que as vezes me ajuda e outras me atrapalha. Eu sei devolver exatamente o que a pessoa me dá, se ela me dá coisas ruim é o que vai ter de volta, definitivamente não sou santa. Mas se for transparente, do bem comigo a pessoa me conquista e tem a minha fidelidade.

domingo, 26 de maio de 2013

Beleza é mesmo fundamental?



Quem não queria ser bonito? Bonito, não, lindo! Ser aquela pessoa que todos olham devido a beleza estonteante. Sim, sem hipocrisia todos nós queríamos isso, porque beleza é poder, beleza facilita a chegada, a entrada, a aceitação, só não garante a permanência. Beleza é um atributo que todos admiramos e eu faço parte desse "todos", mas sinceramente não é a característica principal que faça com que me ligue a alguém.

De todos os relacionamentos sérios que me lembro, não os peguetes, mas os namoros e casamentos, só um namorado que tive aos 19 anos, era realmente lindo. Era tão bonito, que sair com ele chegava a ser constrangedor, porque a mulherada toda dava em cima, e os homens que gostavam também... rs. Foi uma experiência interessante, mas o que me ligou a ele na época foi mais o seu jeito doce do que propriamente a beleza, mas não vou dizer também que não era maravilhoso beijar aquela boca linda... rsrs.

Depois desse namorado todos os que vieram eram de normais a feios. Meu primeiro marido era bem feinho, tanto que o povo colocava cada apelido nele, mas eu amei muito aquele cara, de verdade. Foi dos meus relacionamentos mais gratificante.

Via de regra, a mulher percebe mais o homem como um todo, já o homem passa especialmente pelo quesito beleza, dando uma grande importância. Homem só fica com mulher feia se ele não puder pegar uma bonita, mas o contrário já acontece com mais facilidade, porque a mulher leva em consideração outros quesitos. E pelamordedeuxxxx não me venham com o velho clichê de que mulher gosta de dinheiro!! Tá! Tem umas que gostam sim e muito, mas tem também tantas outras que não se ligam especialmente nisso, nessas eu me incluo. Se bem que homem provedor é um atributo que atrai mulheres no geral.

Existem duas características que busco demais num homem para relacionamento: inteligência e bom humor. Mas não é fácil encontrar as duas na mesma pessoa, te digo que definitivamente não é. É mais fácil encontrar um homem bonito, do que um que reúna as duas características acima. Um cara inteligente é alguém com que você pode conversar sobre tudo, e relacionamento é conversa, é troca. Sexo é uma parcela pequena do tempo em que as pessoas estão juntas, a maior parte você passa conversando com a pessoa e se ela não tiver bom humor, nossa a coisa fica pesada. Então que me venha um feio inteligente e bem humorado, porque dispenso o bonito sem pelo menos uma dessas qualidades.  Agora!! Homem sem humor atééé passa, mas homem sem conteúdo não dá! Tô fora!

No entanto conheço um tanto de gente que dá a vida para ficar ao lado de alguém bonito, não importa nem o que a criatura pensa, basta que seja boa de se olhar. Eu tenho dó dessas pessoas, porque quando não puderem ter mais uma pessoa bonita, o que vai restar? Esfriei um com suposto amigo meu, porque ele só pensava nisso. Encontrava uma mulher bonita e já vinha logo me mostrar a foto e dizer como nariz dela era bonito, como os olhos eram assim, assado. Daí eu perguntava o que ela tinha de legal como pessoa e ele respondia que isso era o de menos, bastava olhar para ela. Nossa me deu um desânimo dele que fui me afastando, claro que não só por isso, por outros motivos também, como excesso de preconceitos.

Bem, de qualquer maneira, beleza sempre será um atributo valorizado na nossa sociedade! Agora, dimensionar isso na nossa vida, colocando só a importância devida, faz uma grande diferença.

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P.S.  1) Vi esse vídeo no blog da Rosângela, achei fantástico e cabe bem neste post sobre a importância da beleza, porque mostra como pode ser distorcida a imagem que enxergamos de nós mesmos no espelho.



          2) O Ed Soares é um blogueiro e comentarista assíduo do meu blog, portanto não poderia negar um pedido dele. Então, nessa semana que passou, me pediu para que eu postasse um foto atual minha no blog. Aí vaí, Ed, mais atual que essa impossível, não tem nem um mês. A pessoa que está comigo na foto é o Raphael Martins, blogueiro que se tornou um amigo.



domingo, 19 de maio de 2013

Somos realmente exemplo de alguma coisa?



Fico pensando no tanto de gente tosca que conheço, que se acha exemplo de ser humano. Eu mesma sou um ser humano estranho,  sou cheia de defeitos que não consigo consertar, sou cheia de sentimentos e pensamentos mesquinhos que se as pessoas conseguissem escutar, ficariam horrorizadas, sou cheias de contradições e medos absurdos e mesmo assim em alguns momentos me acho exemplo de vida!! Essa é a grande incoerência do ser humano!

Sinceramente sempre ouço muito que sou um exemplo de vida pelas coisas que passei e que sei que não foram poucas, mas do fundo da minha alma, não me acho fodona meeesmo! Em alguns momentos da minha vida olho para trás, vejo um grande obstáculo que consegui vencer e me sinto vitoriosa, mas são momentos, são os tais momentos que me sinto exemplo de vida, mas esses momentos são breves, passam rapidamente, porque tenho consciência do meu tamanho.

Acho (ou tenho certeza) que minha autoestima não é boa, até porque não poderia ser. Cresci numa família que dizia que não prestava para nada, depois o mundo me disse o tempo todo que eu era uma aberração. Então minhas bases de autoestima são "quebradas", o que tenho de autoestima foi trabalhada com muito sacrifício e não ficou boa, ficou do tipo "é o que temos para hoje"... rsrs.

Mas o contrário existe também, pessoas que foram tão bajuladas desde criança que elas acreditam mesmo que são especiais, que merecem uma vida especial, que merecem o de melhor para elas e que os outros fiquem com o segundo lugar. Convivo com gente assim e te digo, que por eu ser tão realista e pé no chão, tenho muita vontade de pegar essas pessoas, sacudir, dar dois tapas e mandar se localizar no mundo. Porque existe diferença entre uma pessoa que tem boa autoestima, essas geralmente são interessantes, e uma que perdeu a noção de sua existência nesse mundo e se acha especial.

Trabalho com 13 pessoas numa sala, mas só duas delas tem essa característica. Elas tem uma autoestima "tão elevada" que se acham muito mais do que são realmente. Nada na vida delas tem defeitos e quando tem defeito, são defeitos especiais, como se existisse defeito especial. Para elas só pode vir o melhor, porque o médio é simplesmente inaceitável. Se enxergam como pessoas bonitas, atraentes e bem sucedidas, seus filhos nunca vão cometer erros, seus parceiros tem que ser lindos, provedores, compreensíveis e "endinheirados", senão não estão à altura delas. Fico olhando e me perguntando se um dia essas pessoas vão acordar e enxergar o quão parecidas com todo mundo, o quão toscas são, como nós a grande maioria que habita o planeta.

Existem pessoas especiais nesse mundo, exemplos de vida? Certamente que existem, normalmente elas se destacam mundialmente, ou no seu país, ou na sua comunidade. Mas são pouquíssimas e geralmente estão muito em evidência, não são pessoas que passam despercebidas nunca, porque são realmente exceções nesse mundão de gente mediana que se acha exemplo de vida.

Sim, isso é um desabafo, porque num momento em que ando me sentindo mal por não conseguir lidar com questão da minha voz, que acho que de alguma forma deveria lidar melhor, mas que passa pela minha autoestima; então conviver com gente assim me dá uma agonia extrema. É como se eu tivesse vendo realidade demais e essas pessoas de menos. Vai ver o problema está em mim. Sempre acho que o problema está em mim... rsrs

domingo, 12 de maio de 2013

Quem lida bem com rejeição?



Eu não lido bem com rejeição, mas quem nesse mundo lida bem? Não há uma pessoa que ao ser rejeitada ache aquilo natural ou sem importância. Se disse, está mentindo, ou então quem a rejeitou não tinha tanta importância assim na sua vida. Mas não sofremos rejeição só de quem gostamos, podemos ter o nosso jeito de ser e pensar rejeitado pela sociedade e isso também faz a gente sofrer e muito.

Nem preciso dizer o tanto que sofri rejeição pela vida afora, foram em todas as esferas e de todos os jeitos que alguém possa imaginar. Qualquer questão ligada à esfera sexual, mexe demais com o interior das pessoas. Basta ver o tamanho da polêmica que é a aprovação do casamento gay, até em países evoluídos como recentemente na França. 

O problema de ser rejeitado, é que sempre dói, não existe experiência de vida que faça a gente ficar imune quando nosso modo de ser, pensar, ou agir é reprovado por um grupo, ou até mesmo por uma pessoa que seja enfática em sua desaprovação. O que podemos fazer com o tempo é cada vez mais criar mecanismos para lidar melhor com essa situação.

No início, ser rejeitada por conta da transexualidade era algo que me detonava completamente. Mas com o passar dos anos fui vendo que, ou eu me reerguia o mais rápido possível, ou não sairia do chão emocional que as pessoas me jogavam o tempo todo. E assim fui trabalhando isso até chegar a um ponto, que quando a rejeição vem, balanço, mas me mantenho de pé e saio com menos tempo daquele mal estar que fica dentro da gente.

Ao mesmo tempo que sei que tenho mais forças hoje em dia, sinto que rejeição é uma ferida com casca, quando a gente pensa que sarou, que não dói mais,  vem algo e expõe aquele machucado novamente.

Atualmente não passo por tantos episódios de rejeição porque, hoje,  na sociedade sou percebida com uma mulher nascida mulher, exceto se falar para as pessoas, mas geralmente só falo quando aparece uma situação em que precise me posicionar, não nego, mas também não saio publicando no jornal, não tem necessidade. Mas nem sempre foi assim, principalmente quando comecei a tomar os hormônios, tem um período de mais ou menos 3 anos em que a gente fica com uma aparência entre os dois sexo, ali eu sofri horrores de todos os tipo, tinha medo de sair na rua. Aliás só saía para trabalhar e para compromissos inadiáveis. As pessoas me perseguiam na rua dizendo todos os tipos de desaforos. Às vezes eu precisava correr mesmo pelo medo de ser agredida. Em qualquer lugar que entrava tinha que lidar com gente me apontando, rindo de mim. Ainda bem que aquilo passou.

Seja no meu caso, ou no caso da mulher linda, loura, bonita, que se sente rejeitada em algum momento, a rejeição dói do mesmo jeito, para todas as pessoas. Mas continuo reafirmando o que penso; não é o que sentimos que faz a diferença, mas o que fazemos com o que sentimos.