domingo, 31 de março de 2013

Mulheres que saem sozinhas...


Todos agora já sabem que quando digo que sou uma mulher diferente, o motivo de ser dessa forma. Realmente sou bastante atípica e não poderia deixar de ser, passei por experiências que mulheres nascidas mulher não passaram, meus pais não me educaram como menina. Enfim, tive que me construir sozinha e nisso era quase que natural que seguisse direções peculiares. Uma delas é que sou uma mulher que saio sozinha, sento num  bar sozinha, vou a uma balada sozinha, vou ao cinema, teatro, show sozinha. Não tenho o menor problema em sair só. Mas percebo que as mulheres em sua grande maioria só saem se tiver uma amiga ou alguém para ir junto.

Dia desses cheguei no trabalho e disse para as amigas de lá (caretíssimas), que tinha ido conhecer tal lugar (tipo boate). Daí uma virou e me perguntou com quem tinha ido e eu da forma mais natural possível disse que tinha ido sozinha. Imediatamente todas fizeram cara de espanto. O pior foi a amiga que considero mais próxima e mais sensata, abaixar a cabeça num ato de indignação. Aquilo ficou me remoendo um tempo, não por conta das outras que acho que tem uma cabeça super fechada e as considero mais como colegas do que amiga, mas por conta dessa que tenho como uma amiga mesmo. Então esperei uma hora e perguntei a essa o que tinha de errado em sair sozinha. Ela virou para mim e disse que não tinha nada de errado, só que não faria isso, porque chegar num lugar assim, sozinha, passa a impressão que você está caçando homem.

Como assiiiiiim caçando homem? Então não posso ir num lugar que tenha música só pelo prazer de dançar, que foi o que fiz e nem fiquei com homem nenhum. Minha vontade naquele dia era dançar. Então não poderia ir, porque uma mulher sozinha passa a mensagem que tá caçando homem. Que m*rda de sociedade é essa que as mulheres tem todos os deveres e mais alguns e não tem o direito de sair sozinha? Pior,  pensamento compactuado pelas próprias mulheres. As coisas estão realmente mudando ou as mulheres estão brincando de ser independente e na hora de exercer esse direito mesmo, recuam?

Obviamente que já tinha percebido que mulheres andam em bando e homens não necessariamente. Mas a partir desse dia, passei a analisar isso melhor e vi que realmente não vejo nenhuma mulher sozinha na night, na balada, nas boates. Até existe a desculpa que mulheres são frágeis fisicamente e por isso ficam mais expostas à violência, mas não é esse o motivo real de mulheres só saírem acompanhadas, é mais tabu mesmo. Até acho que realmente deva existir muitas mulheres que pensam como eu, mas que certamente está longe de ser a maioria e adoraria encontrá-las para conversar sobre isso.

Quando acontece coisas desse tipo em que me vejo agindo completamente ao contrário da maioria das mulheres, deveria me sentir "especial", mas na verdade me sinto péssima. Porque no fundo seria mais confortável ser uma mulher como as outras. É claro que seria bem mais fácil ser encaixadinha nos padrões. Mas não sou assim e já que não sou, o que posso fazer é não me esconder e lutar pelo direito de ser diferente, desde que isso não faça mal a outras pessoas. Então continuarei a dizer para as mulheres do meu trabalho que saí sozinha. Quem sabe um dia uma delas não experimente e veja que não tem nada demais nisso. É assim que a sociedade vai mudando. As pessoas diferente mudam a sociedade, as enquadradas apenas perpetuam o que já existe. Este é meu consolo... rs.

domingo, 24 de março de 2013

Preconceito entre iguais...


Talvez a forma de preconceito mais repugnante que possa existir é o preconceito entre iguais. Homossexuais que discriminam homossexuais, negros que discriminam negros, mulheres que discriminam mulheres e por aí vai. Engana-se quem acha que o alvo do preconceito são só esses grupos já conhecidos pelo preconceito, mas está nas mínimas coisas. Pessoas que se sentem mal por serem o que são e agridem outras pessoas que as lembram disso.

Durante um tempo, lá por volta de 2003, tive um grupo fechado para transexuais no Yahoo Grupos. E ali vi as piores formas de preconceito entre iguais. Eu vivia tendo amenizar as brigas de umas meninas contra outras. Eram as operadas contra as não operadas. As  discriminação das que se diziam travestis contra as transexuais e vice-versa. Nunca entendi essa rixa entre transexuais e travestis e nunca vou entender, mas ela existe, como se uma se sentisse mais certa em ser o que é, do que a outra. Enquanto são só formas diferentes de existir e se sentir.

Já sofri com o preconceito de um transexual, um trans homem, nasceu mulher e fez a transformação para homem. Eu o ajudei em todo processo, a gente se dava super bem. Em um determinado momento ele se sentiu tão homem que começou a achar que minha presença ao lado dele poderia ser uma ameaça, porque escondia e esconde de todos a sua transexualidade de uma forma quase doentia. Um dia disse que iria visitá-lo em seu trabalho e ele me disse com todas as letras para não ir, porque poderia "queimar o filme dele". Claro que isso só existia na cabeça doente dele, porque ninguém me recebe como transexual, mas como uma mulher, não tenho essa aparência grosseira, que só existia na cabeça dele. Desse dia em diante todo meu gostar por ele acabou, simplesmente o deletei da minha vida, porque quem não me aceita definitivamente não me merece, principalmente vindo de um igual a mim.

E indo para outras esferas. Como se vê o preconceito dos homossexuais efeminados pelos que não são. Isso eu vivi na pele quando passei por uma fase em que era gay na sociedade. Pensei que com o passar dos tempos, com a sociedade ficando mais aberta isso amenizaria. Mas ainda vejo muita discriminação com os efeminados, como se eles fossem homossexuais menores, como se merecessem o desprezo dos masculinos, que se sentem superiores por conta disso. E o deprezo da sociedade que acha que os efeminados estão errados, se é homossexual pelo menos que se comportem como hetero, esse é o pensamento geral.

Quantas vezes eu já vi uma pessoa negra dizer que vai casar com um(a) branco(a) para melhorar a raça. Cansei de ouvir isso durante minha vida e nunca deixei de me chocar com isso. Como assim? Como se ser negro fosse algo a ser limpo, como se fosse uma doença que precisasse ser curada através mistura de gens com um sadio, no caso o branco. 

E mulheres que denigrem outras mulheres descaradamente. Na boa, não precisamos de homens machistas para nos colocar para baixo, as mulheres machistas já fazem isso de uma forma tão eficaz, com tanto empenho, que os homens só precisam se calar e deixar o trabalho por conta delas.

Enfim, se eu fosse descrever aqui todas as formas de preconceito entre iguais, o post iria ficar enorme. Sou uma pessoa que sofri a vida inteira por conta do preconceito, luto demais contra ele dentro de mim. Todas as vezes que identifico um preconceito em mim, preciso pensá-lo e repensá-lo. Não digo que não tenha, que seja desprovida de preconceito, porque isso ninguém é, tenho meus preconceitos, sim. Mas como lidamos com ele dentro de nós é o que faz toda a diferença.

domingo, 17 de março de 2013

Pessoas sem noção!!


Talvez uma das coisas mais chatas da vida é ter que lidar com gente sem noção. Esse tipo é o clássico chato, aquele que ninguém quer ter por perto, porque vive emitindo opiniões que não foram pedidas, dizendo o que pensa da maneira mais inapropriada possível, fazendo brincadeiras de mau gosto, se convidando para lugares que sua presença não é bem-vinda.

Confesso que atraio gente desse tipo, mas não tenho muita paciência para aguentar. Só que em certos ambientes, ou você aguenta e tenta levar a pessoa da melhor forma possível, ou se cria um problema maior ainda. No trabalho, por exemplo, temos que aguentar os sem noção que trabalham no nosso setor, ou aquela pessoa que precisamos estar em contato por conta do serviço. E confesso que é um exercício difícil nos dias que não estamos bem.

No meu trabalho tem duas pessoas assim. Uma mulher e um homem. A mulher é a pessoa mais mimada da face da Terra, acha que o mundo roda em volta dela. Se veste terrivelmente mal, daquelas de chamar a atenção e acha que pode criticar a roupa de todo mundo. Tem um humor do cão e diz que as pessoas é que são difíceis. É grossa ao extremo e se acha a mais meiga das criaturas. Ela é aquela pessoa que tá sempre isolada do grupo porque ninguém quer chegar perto. 

O cara sem noção do trabalho é aquele que reclama de absolutamente tudo. Reclama nos mínimos detalhes e repete aquilo mais de 50 vezes. Todos os artistas são sem talento, todas as novelas, filmes, séries e livros são ruins, todas as pessoas são cheias de defeitos. Todos fazem tudo errado, só ele está certo.

Geralmente o sem noção sofre de ausência total de autocrítica. Então se ele estiver lendo esse post, imediatamente vai dizer que conhece 10 pessoas que se encaixam nele, menos ele mesmo, claro. Porque o sem noção nunca acha que está excedendo, nunca vê defeito nele mesmo, tem um olhar extremamente condescendente consigo mesmo, nunca sabe o momento certo de usar o silêncio como arma.

Tem vários tipos de sem noção, inclusive os que não parecem ser, mas tem um  traço que classifica um sem noção e que está presente em todos eles, é o fato da criatura falar de si ou de suas opiniões descontroladamente, infinitamente como se todos os seus mínimos detalhes fosse de interesse mundial. Para o sem noção o outro existe para escutar o que ele tem a dizer, nunca para interagir. Interação é uma palavra inexistente no vocabulário do sem noção. Ele até tenta em alguns momentos, mas fracassa quase sempre.

Eu como sofro de impaciência crônica, me utilizo do vácuo para lidar com essas criaturas. Começou a me encher muito e não posso me livrar da pessoa, jogo no vácuo e deixo lá um tempo. Se posso me livrar, deixo no vácuo pela eternidade, porque um sem noção dificilmente se tornará um dia uma pessoa agradável, então vale a pena colocar a fila para andar com essas pessoas.

domingo, 10 de março de 2013

Relacionamento amoroso X transexualidade.


Primeiro quero agradecer imensamente a todos pelos comentários de apoio no post anterior. Esperava apoio de muita gente, claro, mas o apoio que veio foi algo tão grande, dos amigos blogueiros queridos que me acompanham, de pessoas que liam meu blog em silêncio, de pessoas que nem comentavam mais meus posts, mas que deveriam continuar lendo. Foi um mega apoio que me surpreendeu positivamente e me emocionou. Não sei dizer qual comentário foi mais legal, qual meu tocou mais profundamente. Enfim, meu enorme agradecimento a todos.

E como esse tema de hoje foi a dúvida de alguns, resolvi abordar primeiro. Até porque depois da transformação total do corpo e documentação, a questão mais difícil de lidar, é se devo contar que sou transexual para o parceiro e qual a melhor hora de fazê-lo.

É certo que se você olhar com olhos de ver para mim, vai perceber traços que podem levar a pessoa a presumir minha transexualidade. Mas garanto que na grande maioria das vezes, só se olhar com olhos de ver. Mas dentro de um relacionamento amoroso a coisa é mais complicada porque envolve sentimentos. Muitas transexuais optam por não falar, ou dizer que nasceram hermafroditas, dentre outras mentiras mais absurdas. Depois de tentar não contar,  de tentar contar,  todas as alternativas combinadas, cheguei a conclusão de que só me interessa ter um homem ao meu lado se ele for capaz de lidar com a minha história de vida. Se for preciso eu mentir que sou hermafrodita, isso ou aquilo para disfarçar a situação, simplesmente não vou me sentir inteira nesse relacionamento e nem me interessa ter esse homem ao meu lado. Mas essa minha postura é polêmica, tanto para quem é trans como para quem não é. As opiniões se dividem, mas a minha é essa e é a que me faz me sentir melhor comigo mesma.

Gostaria de esclarecer que os homens que se relacionam com transexuais são heteros (ou bissexual), mas nem todo hetero quer, gostaria ou aceita se relacionar com transexuais. Homossexuais masculinos  não se relacionam com as transexuais. Uma lésbica pode se interessar por uma transexual e vice-versa.

Quando fiz a minha cirurgia já estava com meu corpo modificado e levando uma vida feminina. Achava que a partir dali tudo seria fácil, que eu encontraria um cara legal e pronto. Mas a vida me mostrou que nada é cor de rosa assim, depois de passar por todas as dificuldades naturais que todos tem para encontrar um parceiro, depois de todas sanadas, aí a transexual esbarra em mais essa, imensa, contar ou não contar e quando contar.

E digo que toda a experiência nesse setor não serve para nada. Porque cada homem é uma cabeça única e lida de forma totalmente particular em relação a isso. A hora de contar também é uma incógnita, se demora a contar alguns homens podem se sentir enganados, se conta de cara o estigma pesa tanto que afugenta o cara. Então tudo tem que ser na intuição, talvez por isso a minha seja bem desenvolvida... rs.

Minha vida amorosa como gay, antes da transformação do corpo, era boa, porque me relacionava de igual para igual. Eu estava no papel de homossexual e o cara no papel de homossexual. Mesmo que minha postura fosse sempre do passivo, o lado feminino da relação por assim dizer. E claro que nem todos homossexuais estava dispostos a isso, mas sempre encontrei os que estavam.

Já como transexual transcionada minha vida sentimental simplesmente ficou uma grande porcaria. Porque é a transexual se relacionando com o heterossexual, que não sofre nenhuma discriminação nesse setor, portanto sem vontade nenhum de importar um problema para sua vida. No início não tinha a menor idéia de que seria assim, mas com o tempo fui vendo o quanto os heteros são machistas e exigentes nesse quesito, pelo menos os homens brasileiros. Eles meio que exigem originalidade de fábrica... rs. E nessa eu perco, perco porque minha postura é a de assumir que sou transexual, então geralmente a coisa desanda.

E tem os homens que te enxergam como uma mulher menor, de uma classe inferior e acham que estão fazendo um favor em oferecer sua companhia e atenção. Esses realmente depois de identificados, é só deletar mesmo e seguir adiante, porque não vale nem que se pense neles.

A grande ilusão, fantasma, mito que envolve essa questão é que os heteros acham que ao estar ao meu lado, todas as pessoas vão saber que ele está se relacionando com uma trans, quando na prática isso definitivamente não acontece, só vai saber quem a gente quiser que saiba. Mas não adianta explicar isso.

Não vou dizer que digo para todos os homens que sou transexual, só para os relacionamentos mais sérios. Caras que eu fico uma noite, jamais vou dizer isso, porque não tem a menor necessidade. Mas se a coisa ficar séria daí vem todo o drama de quando contar e como contar. Digo que isso é tão horrível que meio que esfriei meus sentimentos para lidar com tanta rejeição.

Eu sei que tenho valor como ser humano e mulher que me fiz, mas isso diante do preconceito é quase nada aos olhos dos homens. Para eles o que conta mesmo é se tu nasceu mulher. Essa é a minha triste experiência nesse campo. Mas tenho aprendido um pouco a cada dia com tudo isso. Aprendido em como manter minha dignidade e minha autoestima, porque sem elas eu não posso existir satisfatoriamente. Dizer que não dói toda essa rejeição? Claro que dói, uns dias mais outros menos. Mas isso não me detona, continuo seguindo minha vida e se alguém perguntar se faria tudo de novo, digo que faria, porque não saberia continuar vivendo naquele sexo que não me pertencia.

quinta-feira, 7 de março de 2013

A minha confissão mais ácida!

(Foto de Léa T. Vai que alguém alguém acha que é minha...rs)
  
Esse foi um post muito pensado. Levei meses pensando se o escreveria ou não, porque a confissão envolve um tema mega polêmico, daqueles que fazem as pessoas repensarem tudo até então. Quando comecei a amadurecer essa idéia de abrir essa questão no blog, teve um momento em que pensei em simplesmente fechar o blog e criar outro onde já começasse a partir dessa revelação. Mas daí fiquei pensando em todas as pessoas que conheci nesses quase 6 anos de Confissões Ácidas e achei que valeria a pena correr o risco de lidar como o preconceito,  já que minha vida toda foi feita de recomeços. 

Sou uma transexual operada. Ou seja, nasci num corpo masculino, vivi uma vida masculina até a idade adulta. Passei por um estágio em que fui um gay daqueles bem afetados, já que nunca consegui me portar como um homem, muito menos pensar como um. Confesso que tentei ser homem com todas as forças que alguém pode tentar, namorei mulheres, tentei transar com mulheres, tentei me conformar com o meu corpo masculino e ser um gay, mas tudo foi absolutamente inútil. Minha mente feminina sempre clamava por uma mudança, por uma libertação daquele corpo que nada tinha a ver com meu jeito de ser e existir.

Para muitos, inicialmente, quando se fala a palavra transexual,  já vem à mente a imagem da travesti de prostituição, caricata, com aquela aparência ambígua e trejeitos exagerados. Nada contra travestis, nada mesmo, apenas transexuais não são travestis operados. Travesti é uma pessoa com uma identidade social feminina. Transexuais são pessoas com identidade de gênero oposta ao sexo que nasceu. É uma pessoa que tem a convicção íntima, imutável de não pertencer ao sexo de seu nascimento.

Quando era criança com meus 5, 6 anos de idade, já me sentia uma menina. Achava que quando chegasse na adolescência a natureza descobriria o erro que cometeu e eu desenvolveria corpo de mulher. Todas as brincadeiras que gostava quando criança eram de menina. E apesar de sempre ser obrigada a brincar com os meninos, dentro da minha mente de criança, vivia a fantasia de ser uma menina.

Na puberdade meu castelo desmoronou, meu corpo foi se transformando de acordo com o sexo que nasci e para mim aquilo foi a pior coisa que poderia ter me acontecido. Tive uma adolescência horrível, isolada, com raiva do meu corpo. Com uma família que não me apoiava e só piorava minha sensação de mal estar no mundo. Ali começaram as minhas tentativas de suicídio.

Na idade adulta, um pouco mais adaptada, mas não menos inconformada, entrei num processo autodestrutivo que envolvia drogas, álcool e sexo promíscuo. A vontade que tinha era de destruir aquele corpo que não me pertencia, a qualquer preço, e me empenhei nisso. Só que por força do universo, Deus, destino, ou como queiram chamar, não morri. Mas, sim, passei por um momento de transformação que tinha que decidir me matar de vez ou tentar buscar soluções para aquela questão.

Nessa etapa da minha vida comecei a reconstruir tudo, emprego, amizades, relacionamentos e fazer a mudança do meu corpo, não poderia viver naquele corpo masculino e assim o fiz. Foram anos de hormonização até chegar a cirurgia, logo depois a alteração do nome no registro de nascimento.

Hoje em dia vivo uma vida feminina em todos os sentidos. Mesmo que o fantasma da transexualidade continue assombrando a minha relação com a família, que foi totalmente detonada por essa questão. E meus relacionamentos amorosos, que simplesmente não vigam porque são poucos os homens que querem ter um relacionamento sério com uma transexual.  Essa questão com os homens já foi mais complicada na minha mente, não deixou de ser, mas hoje em dia não corro mais atrás de homens que não se sentem à vontade de ter um relacionamento comigo. Se eles não me enxergam como mulher, simplesmente não é um homem que valha a pena eu perder meu tempo gostando ou correndo atrás. Hoje em dia sinto uma facilidade maior de deletar esses caras, que são a maioria e que dói sempre que tenho que deletar, mas que cada vez consigo fazer mais rapidamente.

Talvez agora muitos entendam o motivo de eu fazer tantos posts dizendo que sou diferente, os posts sobre homossexualidade, os posts em que falo do relacionamento ruim com a família, os bulliyngs que sofri na escola,  os posts que falo de como gostaria de ser uma igual. Acho que sempre quis dizer que gostaria de ter nascido mulher, porque ser transexual não é legal, definitivamente não é. Não é a mesma coisa de ser homossexual, homossexualidade é orientação sexual. Transexualidade envolve questão de gênero de como existir, de como conviver com seu corpo, de como ser humano na sociedade em todos os setores. Inverter o sexo de um corpo é algo que te faz pagar um preço alto. Não quero dizer que uma questão seja mais difícil que a outra, elas se assemelham em alguns pontos e diferem bastante em outros.

A partir dessa revelação, obviamente todas as minhas postagens daqui para adiante sofrerão mudanças e essa era mesmo a intenção. Sempre esbarrei na dificuldade de fazer posts em que tivesse que explicar situações que envolviam a transexualidade, mas sem tocar no assunto. Então meus posts ficavam faltando uma explicação. Agora poderei ser mais transparente como costumo ser na minha vida cotidiana. Então acho que daqui para frente meu jeito de dizer as coisas pode passar mais por essa questão. 

Quem não se sentir à vontade, pode deixar de me ler e não precisa nem dizer tchau, porque vou perceber. Pasmem, muita gente se sente traída com essa revelação. Como se eu fosse uma criminosa que devesse sempre dizer o crime que cometi. Muita gente acha isso, que devo andar com um letreiro em neon piscando na testa. E não acho que seja por aí. Acho que nem preciso esconder, nem preciso anunciar aos quatro cantos do mundo. Na verdade não tenho nenhuma vergonha da minha história, muito pelo contrário.

Para quem se interessar em saber um pouco mais sobre a questão, sobre como foi e é minha vida, pode escrever para meu email, que se encontra aí no sidebar, ao lado dos posts. Só peço que use o bom senso na hora de fazer os questionamentos.

É isso...

P.S.: Não pretendo abandonar meu nick Dama de Cinzas. Por tudo que todos já leram sobre mim e mais essa revelação, tanto faz assinar meus posts como Márcia Cristina, Márcia, Marcinha, Cris, Cristina ou Dama de Cinzas. Podem me chamar como desejarem, mas esse pseudônimo não deixo, porque ele diz muito sobre mim.

terça-feira, 5 de março de 2013

Fake que criamos para nos defender.

Lendo um post da Pattrícia sobre esse assunto, mega me identifiquei com que ela disse sobre fakes que criamos. E o post dela me pegou numa época em que estou querendo abrir uma questão muito importante da minha vida aqui no blog. Daí ela me convivou para escrever sobre esse tema e imediatamente aceitei. 

Gostaria muitíssimo que todos que me seguem lessem esse post, porque ele é a introdução para o meu post de quinta-feira, dia 07/03/2013, em que faço, talvez, a maior revelação sobre mim mesma, aguardem! E não deixem de ler esse post de hoje.