Desmontando Dama

Tenho achado que ando emitindo informações trocadas sobre mim e por isso acabo atraindo pessoas que não ficam na minha vida, talvez pela falta de identificação mesmo. Não é uma questão de hipocrisia, porque hipócrita não sou mesmo, nunca irão me ouvir dizer que sou contra a algo e fazer aquilo escondido. Mas creio que exista bem lá no fundo uma grande vontade em mim  de "fazer parte de", "estar inserida em", é  algo que sempre senti durante minha vida, vontade de me integrar com a maioria, e talvez assim me sentir um pouco mais "normal", mas acabo sentindo mesmo é que o mundo caminha pra direita e eu e mais meia dúzia de doidos pra esquerda...

Muitas vezes escrevo posts que fazem parecer que sou uma pessoa forte, centrada, comportada, com opiniões bem formadas. Tá bom, sobre muitos aspectos até sou, mas essencialmente sou uma mulher angustiada e meio perdida dentro de mim mesma, cheia de indagações sobre a vida, com muitos medos, muitos bloqueios. Tão assustada, que à vezes me espanto com a imagem de forte que algumas pessoas têm de mim. 

Durante boa parte da minha vida fui uma mulher cheia de autopiedade e muito autodestrutiva. Muito cedo descobri os efeitos tranqüilizantes do álcool numa alma tão angustiada como a minha e durante quase toda a minha vida o álcool estava presente de uma forma marcante. Em um determinado momento  me sentia tão abandonada que resolvi misturar álcool com barbitúricos; uma combinação terrível que quase me levou a morte, tamanho foi o vício, a dependência que fiquei dessas substâncias.  No meio disso tudo fumava muito, transava com muitos caras, o que fez de mim uma promíscua da carteirinha! Várias vezes alucinada e cansada de todo o vício e perdida em mim mesma, tentei o suicídio; às vezes numa forma de chamar a atenção e noutras de dar um fim mesmo naquela dor...

No post anterior disse que dentro de mim habita uma cantora mal comportada, que vagueia pelos bares sempre com uma dor que se expressa pela música... Mas isso não quer dizer que tenha uma puta voz como a da Amy Winehouse, estou mais para uma pata rouca mesmo... rs... Mas é que essas cantoras que levam uma dor na alma,  afundando-a em álcool e drogas, sempre expressaram muito bem, em suas músicas, em suas performances, com suas vidas,  aquilo que sinto dentro de mim... um vazio, uma insatisfação enorme que amenizam cantando...

É certo que destruí minha vida até não restar quase nada. Um dia olhei em volta e sobrou minha mãe, que estava cansada de mim. Dali pra frente reconstruí tudo novamente. Mas dizer que  me tornei uma pessoa tranqüila, equilibrada, alegre, com os passarinhos cantando na  janela; esse estereótipo está bem longe de mim. Dentro de mim continua habitando essa louca, meio alcoólatra, meio fumante, meio drogada, se é que existe meio nessa história...

Então resolvi ligar o botão do foda-se e parar de querer ser a moça boazinha e bem comportada. Acho que essa não serei nunca, simplesmente porque isso não é minha história de vida, essa não sou eu, definitivamente não sou! Assumo isso completamente perante blogueiros, amigos e quem mais quiser ver, só não verá daqui pra frente quem quiser enfiar a cabeça na terra, feito avestruz...

Não quero dizer com isso que vou começar um novo processo autodestrutivo. Não! Tenho muito o que preservar na minha vida, construí bases que me mantém até para que possa fazer minhas loucuras de vez em quando!

Não vou fazer mais esforço para fazer parte da parcela bem comportada das moças... mesmo sabendo que as mal comportadas podem ter hábitos saudável... Essa sou eu e não cometi ou cometo qualquer erro contra alguém, cometo excessos que só fazem mal a mim mesma!

Termino esse post com a impressão de que ainda falta muito a dizer, mas prefiro deixar um vídeo que amo da Amy Winehouse e um poema do Angelo Alfonsin:




MANIFESTO

Vou
Mas só se for à deriva
Não aceito canga ou buçal
E desobedeço o Jornal Nacional
Gosto dos que se negam a ser
Do jeito "certo"
Porque tem seu próprio jeito
Que é o certo
Prefiro os que não abrem mão
De ser como são
O que os torna santos
A salvo do rebanho que se deixa
Conduzir para o matadouro
Maioria silenciosa alienada
Por um sistema corrompido
De quem espera que a salve de todo mal
Fico ao lado dos idealistas
Guerreiros das causas perdidas
Que carregam dentro de si
O mundo dos sonhos
Por isso um mundo possível
Não tenho ícones ou crenças
Chefe nem medo
Eu sou o poema