domingo, 21 de julho de 2013

Narcisismo patológico...


Todos nós em maior ou menor grau temos nosso grau de narcisismo. Caso contrário as redes sociais não teriam dado tão certo. Todos nós gostamos de ser desejados, aprovados e em muitos casos o que se busca é a a idolatria. Mas hoje quero abordar o outro lado,  quando o narcismo deixa de ser uma característica inerente ao ser humano, para se tornar algo doentio. Quando a pessoa perde a noção que a vida do outro tem tanta importância quanto a dela e daí quer se tornar o centro das atenções o tempo todo.

Quem não conhece aquela criatura que só seus problemas são terríveis, que só suas alegrias merecem ser contadas inúmeras vezes, que só sua vida realmente tem graça? Isso é o que a gente acha quando nos deparamos com esse tipo, mas depois da opinião de um filósofo a respeito,  vi que é exatamente o contrário, a pessoa se acha pouco demais e tenta suprir isso se colocando como centro. Isso se parece muito com o complexo de superioridade, em que o indivíduo afirma o tempo todo o quanto é bom, diminui quem está ao redor, para ele mesmo acreditar que é competente, habilidoso, talentoso. 

No caso do narcisismo patológico (o "patológico" é por minha conta... rs) a pessoa tem uma autoestima tão baixa, que se volta totalmente para si num movimento de salvar a sua individualidade. Ou seja,  se sente tão por baixo, que vira todos os "holofotes" em sua direção, para que as pessoas a aprovem e assim possa se sentir menos por baixo. Mas na verdade, creio que um movimento não alimenta o outro e a coisa simplesmente não tem fim. A pessoa fica autocentrada para ter a aprovação das pessoas e quando os outros percebem isso, se afastam e a criatura continua pedindo aprovação. Num ciclo vicioso sem fim.

Claro que não pude deixar de pensar em quanto disso me encaixo. Porque minha autoestima não é das melhores, sempre admiti isso. Mas fiquei refletindo muito e acho que me encontro no meio do caminho. Tem muitos momentos que quero toda a atenção para me sentir aprovada, mas acho que no geral sei escutar o outro, me interesso pelo mundo. Acho mesmo que vivo fases de narcisismo patológico no sentido de buscar aprovação por conta da baixo autoestima. Mas não sou a chata que só fala de si o tempo todo, isso definitivamente não sou. Tenho plena consciência que as pessoas não estão interessadas nas miudezas da minha vida, talvez nem mesmo nas coisas importantes. Cada um está preocupado com sua vida. Aliás quando o assunto é falar, escolho sempre o que dizer, sou de poucas palavras.  De qualquer maneira tem algo de patológico, nesse sentido, em mim... rsrs. Só não sei identificar muito bem como isso se manifesta.

Fiquei tentando encaixar pessoas do meu convívio nesse perfil e obviamente me vieram algumas, vocês também vão perceber. São aquelas que atribuem qualidades a sim que definitivamente não possuem. São aquelas que falam demais e contam pormenores das sua vida como se fossem coisas importantíssimas, e que acham que estão agradando, ou nem sei se acham, ou se precisam só de um ouvido para poder falar sem fim. Odeio quem fala demais, aquela pessoa que você diz oi e a pessoa conta a vida. Nossa, não existe nada que me irrite mais!! Talvez por isso eu fale pouco.

Toda semana digo para mim mesma que não tenho mais nenhum assunto para abordar no blog, daí vejo um programa, uma entrevista, leio alguma coisa e o assunto entra na minha mente e vira um post. Foi o que aconteceu vendo o Saia Justa dessa semana, quando assisti a opinião do Luiz Felipe Pondé, que é um filósofo que adoro, sobre esse tema. Vou deixar o link com o vídeo de 2 minutos em que ele fala sobre esse assunto e foi o que me inspirou esse post, vale conferir.



18 comentários:

  1. Uau... que show esse post... :)
    Anda sumida, dona Márcia.

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  2. De fato Dama se vc quer encontrar pessoas assim deve passar pelo face e olha acho o twitter bem pior!
    Tb concordo que todos queremos ser o centro das atenções! Alguns com mais intensidade e outros com menos, mas todos queremos!

    Como sempre vc fez uma excelente reflexão aqui!
    Beijos!

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  3. Pondé é o máximo mesmo ... pura sabedoria ... e vc está certíssima qto a esta reflexão ... existem pessoas q se tornam de convivência dificílima por conta desta mais absoluta falta e autoestima ....

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  4. Eu tenho uma opinião sobre o narcisismo: eu odeio!!!
    Concordo quando você diz que todos nós temos um pouco disso dentro da gente, mas é o "normal", se posso dizer assim. Mas essas pessoas que se acham as bam-bam-bans... nossa, me dão nojo!

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  5. Também sou de falar pouco. Não era assim na adolescência; eu adorava contar as tragédias de minha vida, mas fui percebendo através de outras pessoas, que sempre tinham tragédias maiores e piores do que as minhas, que aquilo era muito chato, ficar o tempo todo falando e se queixando. Aprendi a falar o necessário, talvez o mínimo. Usam o adjetivo tímida para me definir. Nem questiono, melhor assim.

    Sobre escrever no blog, gosto muito dos assuntos que você nos traz. Sempre tem uma opinião, um olhar diferente. Desanima não!
    Beijo

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  6. Que post bacana, bem escrito e principalmente porque não se isentou de ser também, vez em quando, narcisista, já que todos temos um pouco disso!
    Eu gosto de falar sim, mas ouço bastante também e isso me faz ser uma pessoa que tem bons relacionamentos, alguns até usam de minha percepção, talvez já pela idade, para trocar confidências, dividir suas amarguras. Eu costumo ouvi-las ou lê-las, mas não sou de entrar na vida das pessoas, não sou de ficar perguntando além daquilo que querem contar.
    Você disse, muito acertadamente, que estas pessoas, invariavelmente, têm baixa auto estima, por isso chamam de alguma forma o holofote para suas vidas, lamentam-se demais, criticam outros e no fundo acabam virando o chato do pedaço, porque aos poucos todos vão vendo com clareza quem é a pessoa.
    Parabéns, você escreve lindamente e seguindo um raciocínio lógico. adorei!
    um grande abraço carioca



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  7. Interessante essa visão do narcisismo extremo como o reflexo de uma auto-estima ruim, uma defesa para se sentirem melhor. Conheço m menino que é assim, talvez por ser gay e ter muito auto preconceito, ele fica se colocando como o presente de deus à humanidade, tamanho o seu ego, e acho que ele se encaixa nesse mecanismo. Mas acredito que existam pessoas que são extremamente narcisistas porque tem mesmo a auto estima inflada demais, que os pais falam a vida toda o quanto eles são maravilhosos e eles acreditam e por isso tudo que vem deles é especial e deve ter toda a atenção do mundo. Em ambos os casos essa gente acaba sofrendo. Bjo.

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  8. Eu tinha pensando sobre isso mas com outras palavras. Vc descreveu muito melhor. Eu estava refletindo sobre as pessoas que falamos "oi" e conta sua vida, isso sem termos nenhuma intimidade com a locutora. Engraçado, né?!
    Eu procuro sempre aplicar boas teorias a minha vida. Tinha essa mania de sempre conversar e citar exemplos dos meus casos, até que li uma matéria e percebi o quanto era "péssimo", passei a citar bem menos os exemplos da minha vida, as vezes até os cito mas invento outro nome para a personagem principal "tia, "prima", "amiga" e de fato, percebi que os ouvintes ficam mais atentos!

    Bjs

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  9. Seu texto de hoje, por si só, já nos deixa de saia justa!

    Tenhas uma ótima semana, meu anjo!

    Muita paz, sempre!

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  10. Na verdade acho q todo mundo quer é ser amado... se sentir parte de um todo. E o modis operandi não é ficar perto de quem esta perdendo... Tai a necessidade das pessoas se mostrarem como um pavão. Falarem somente delas, de como são boas e estão vencendo.

    Espero que vc não larga mão deste seu cantinho narcisista não. :)

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  11. Marcia:

    Você sempre tem muito a dizer porque vc assim como eu, somos grandes expectadores da vida e nós sempre estamos atentos a todas as movimentações do externo. Adoro o Pondé, acho ele ótimo. Você escreve textos muito coerentes e lúcidos, seu blog com certeza agrega muita coisa bacana na vida de todos.

    Talvez lhe interesse ler Bauman, estava em um lugar incrível aqui em uma cidade próxima (São José dos Campos/SP) e folheei o livro dele, ele escreve coisas incríveis e estou curioso pra lê-lo em breve.

    Beijos e linda semana, te gosto mtoo.

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  12. Querida Dama, primeiro me perdoa, em outro comentário te chamei de Cris, e és Márcia, enfim...demais este post, tocas em um tema que hoje está muito em alta, vide face, é impossível que todas aquelas vidas sejam perfeitas (confesso que acho divertido), não tenho face, mas quando uma sobrinha entra vou com ela e é mais ou menos o que dizes no post. Eu, confesso, tenho minha parcela de narciso, nada patológico, eu espero. Gosto de teus escritos.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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  13. Acho que todo mundo tem um pouco dessa patologia, mas em algumas pessoas elas se acentuam mais. Consegui listar algumas aqui do meu círculo de amigos. Às vezes dá uma certa pena, mas pena eh algo muito ruim para se nutrir por um amigo.. Às vezes se torna chato.. e na maioria das vezes eu é que fico sem saber como agir e o que falar. Complicado lidar com pessoas assim.

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  14. Ótimo ponto de vista...
    Se a pessoa não tiver o controle de sí próprio, a situação se torna doentia e nem si dão conta...
    Beijon!!!!

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  15. Falo pouco, escuto e observo mais, mas é o meu jeito. Abraços, bom domingo. http://grandeonda.blogspot.com

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  16. Narcisismo é o meu tema de eleição. Descobri há pouco o seu blogue. Visito-o porque me parece autêntico. Porque escreve de uma maneira descomplicada sobre assuntos comuns a todos e que resultam de um esforço para se entender e entender a vida.

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  17. Penso em como seria se todos tivessem esse lado de rogar para - que os outros digam - o que não gostariam de ouvir. Ninguém pode agradar ou ser/parecer agradável o tempo todo. Isso tudo pode parece discurso de modernidade liquida, porque é difícil encontrar os que se mobilizam para falar de problemas compartilhados, mas sim dos problemas particulares. Existe certo medo em saber a verdade, ou até que ponto um “eu” chega a ser narcisista e até que ponto alcança outros.

    Bom reencontrar seu blog,
    Um abraço.

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  18. Curti bastante seus escritos..parabéns por suas idéias e pelo talento maravilhoso! abração

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