
Dia 10 de setembro foi o Dia Internacional de Prevenção do Suicídio... Resolvi tocar nesse assunto que algumas pessoas que acompanham meu blog já sabem, mas a maioria deve desconhecer. Já tentei o suicídio três vezes. Duas com ingestão de substâncias entorpecentes e uma com gás...
A primeira vez que pensei verdadeiramente em suicídio, tinha 17 anos. Durante toda minha adolescência vivi circunstâncias bem difíceis, minha vida estava um lixo, meu grau de insatisfação com tudo ao meu redor era altíssimo, achava de verdade que não tinha mais nada o que fazer aqui... O que me salvou, na época, foi ler o livro Nosso Lar, sim, esse que fizeram o filme que está nos cinemas... Um amigo do meu irmão, meio que ofereceu o livro e ele pegou sem muita convicção de que queria ler, jogou em cima da TV. Vi o livro, dei uma folheada e acabei lendo de uma só vez. Acasos não existem... Ali foi bloqueada a minha primeira tentativa de suicídio que estava toda programada em minha mente. Simpatizei de cara com a doutrina espírita...
Anos depois a pressão foi tão grande que não aguentei tentei o suicídio ligando o gás e ficando em frente ao fogão, sentada no chão com a porta do forno aberta... Fui salva pelos meus pais que voltaram antes do tempo previsto. Fiquei dois dias hospitalizada...
Mais uns anos depois, tentei duas vezes o suicídio com a própria droga que me viciei... Uns comprimidos barra pesada... Da última vez, a minha certeza e tristeza por desistir da vida eram tão grandes, que eu tomava os comprimidos, chorava e sentia um vazio como nunca senti... Acho que tomei mais de 40 comprimidos e os ingeria com cerveja, no final tomei uma boa dose de vodka. No momento do suicídio se precisa de coragem para fazer essa loucura, não é algo fácil como deitar e dormir, é uma decisão definitiva e a assustadora... Acordei com um médico me aplicando injeções... Na verdade a droga teria me matado se meu corpo não tivesse desenvolvido tanta tolerância pelo uso contínuo dos tais comprimidos... No último estágio do meu vício, sequer conseguia ficar de pé, me arrastava pelo chão, dormia na rua, foram tantas outras situações degradantes que a droga me levou e leva qualquer um que se vicie...
Depois dessa última tentativa de suicídio, fiz o caminho de volta das drogas e digo que é algo terrível... Entrar nelas é uma facilidade imensa, porque ela alivia instantaneamente qualquer infelicidade, para depois virar o motivo da infelicidade; sair delas é o inferno na terra... Porque lidamos não só com a destruição do corpo, mas a destruição social. Me via sozinha, desempregrada, sem o cara que amava, sem credibilidade... Temos que refazer todas as nossas metas, recriar a autoestima, enfim se reconstruir novamente como ser humano. E só quem viu, ou passou por isso de perto sabe o que é!
Nessa época, retomei minha religião, o que me deu forças, li muitos e muitos livros espíritas, acredito na reencarnação e não quero aqui convencer ninguém, cada um acredita ou desacredita no que quiser. Como disse o Clodovil uma vez: - Eu acredito na reencarnação, se ela não existir, pelo menos ter acreditado nisso me fez ser alguém um pouco melhor...
Finalmente tomei coragem e enfrentei o problema que me levava a tentar o suicídio e a me drogar. Consegui dar a volta por cima e hoje, anos depois, minha vida é totalmente diferente, não uso mais drogas, nem quero voltar... Não penso mais em suicídio, mesmo que em muitos momentos a vida me canse tanto que tenha vontade de morrer de morte natural... Mas isso é outra coisa, tem a ver com cansaço da luta e menos com vontade real de morrer...
Hoje me orgulho da vida que construi, porque ela foi refeita com meu esforço, com todos achando que eu iria fraquejar, que não iria aguentar, que voltaria às drogas, que não conseguiria arrumar emprego... Então tomei tudo isso como incentivo pra dar uma virada total e dei! Em outra época eu causava repulsa, ninguém me queria por perto. Hoje garanto que muita gente gostaria de ter a vida que tenho! Devo dizer que minha mãe me ajudou com seu apoio! Ela é uma pessoa de temperamento muito difícil, mas nas horas ruins foi ela que esteve ao meu lado. Foi a única que acreditou que existia uma chance de me modificar... Por isso relevo muita coisa dela, e a tenho como uma pessoa muito querida! Ela pode contar comigo!
Sempre gosto de mostrar os caminhos que trilhei e que não me orgulho. Assim todos podem ver que ninguém é tão perfeitinho, tão bonitinho, tão fortinho, tão bonzinho, como se aparenta de uma forma em geral... Há muita sujeira embaixo do tapete. Podem ter certeza disso! Pode não ser uma sujeira igual a minha, ou tão grande quanto a minha, mas que tem, tem... rs...
P.S.: Essa postagem é em homenagem ao Fábio. Ele me pediu que contasse uma história de superação, achei que era uma boa idéia! Aí está Fábio!